30.12.08

Aurora

Quando eu era pequeno, Deus não fazia muito sentido para mim. Na minha cabeça, era somente mais uma das formas que os adultos encontravam para manipular as crianças. O Todo-Poderoso se impunha (e acho que ainda se impõe) aos pequenos mais pelo medo de Seus supostos castigos, do que pela Sua magnanimidade e misericórdia. Como nunca fui um enfant terrible, eu cheguei à conclusão, mais ou menos óbvia, de que os adultos inventavam aquelas estórias todas para nos assustar e, assim, nos controlar melhor. Ou seja, manipulação pura e simples. Nunca concordei com a idéia de que a dita Onisciência Divina serviria apenas para vigiar e punir os nossos "terríveis" pecados. Daí para duvidar da existência do próprio Deus foi um pulo. Achava a Religião uma coisa meio insana, sabe? Era tudo misterioso demais, fantasioso demais! Se havia alguma lógica nos dogmas, esta Lógica foi pessimamente transmitida! Além daquele linguajar empolado da Bíblia, que parecia querer mais esconder do que revelar algo... Acredito que a fé se disseminava mais pela coerção psicológica do que pela eloquência das doutrinas. E tenho certeza de que boa parte das crianças de minha idade pensava o mesmo na época. Não era preciso ser nenhum gênio para se chgar a esta conclusão. Os adultos fariam de tudo para manter o controle sobre os seus filhos, nem que para isso precisassem mentir, ameaçar e castigar em nome de um dado "Poder Superior". Na condição de vítima (eximindo, porém, desde já, os meus pais da condição de algozes), e com o egocentrismo próprio de quem ainda não conseguia ter uma visão global das coisas, eu só não imaginava que os adultos também fizessem manipulações e intrigas entre si. Mas o tempo foi me mostrando que os seus alvos não eram só nós, "crianças inocentes", e que eles eram capazes de realizar coisas escabrosas para que lhes fosse reconhecido algum poder...

Aos poucos, fui percebendo também que tampouco as crianças eram inocentes. O mesmo egoísmo, a mesma mesquinhez, a mesma vaidade, as mesmas intrigas... Era incrível ver como a "contaminação" do comportamento do Mundo Adulto acontecia em uma velocidade tão avassaladora! E assim, com menos de uma década de vida, já percebi que eu era uma exceção. Para as crianças da minha geração, a inocência era mais defeito que virtude. Mais do que as Leis do Cristo, tão hipocritamente preconizadas, a Lei de Gérson era a mais perfeitamente compreendida e socialmente aceita entre todos os pirralhos e pirralhas que àquela época cantavam espevitadamente o Ilari-Ilariê...

Sendo assim, a minha situação não era lá muito confortável. A minha "estúpida" moral e a minha risível timidez alimentavam o meu isolamento. Mas apesar de mantê-las firmemente, estas duas não me causavam nenhum tipo de contentamento. Pelo contrário. Eu tinha vergonha de mim mesmo. Do meu comportamento anacrônico. Como eu poderia me manter num Mundo onde todos estavam aparentemente contra tudo o que eu achava certo? Isto é, era difícil entender se os "errados" eram eles ou era eu. Por que era obrigado a me adaptar à conviver com pessoas em quem eu não confiava? Por que a Etiqueta tinha que sobrepor à afinidade? O fingimento era um meio de sobrevivência. Mas esse comprtamento me era absolutamente impossível realizar. A partir daí, a minha "antipatia social" foi se estabelecendo fortemente...

O convívio com o outro era tão complicado que o refúgio em qualquer forma de distração que não necessitasse de contato direto com pessoas foi prevalecendo: a televisão, os livros, os discos, o video-game, as brincadeiras que se poderia fazer sozinho e, mais tarde, o Rádio na sala, com a luz apagada... Mesmo que não tenha cessado por completo, as interações com os garotos e garotas foram cedendo lugar à solidão. Não tardou para ser enquadrado por todos como "diferente", "estranho", "maluco" e outras pechas semelhantes. Mas aquilo, de certa forma, alimentou o meu Ego. A minha personalidade foi se estabelecendo a partir da cisão com o mundo das pessoas "comuns"...

Já na adolescência fui me dando conta de que os "outsiders" não eram aqueles "demônios" que as pessoas costumavam pintar. Quando, enfim, pude me desfazer de algumas amarras e me dar ao luxo de fazer as minhas escolhas, comecei a entrar em contato com alguns caras fantásticos! Ao invés de "más influências" e "figuras a se evitar", fui descobrindo pessoas extraordinárias! Aquelas que por detrás da "Armadura Anti-Social" se mostravam seres amáveis e educadíssimos. Que também viam, como eu, que não dava para aturar "aquela" Sociedade. E ainda que não tivéssemos mais a consciência política e os ímpetos revolucionários da Juventude de outros tempos, sabíamos perfeitamente o Mundo que não queríamos para nós. Não queríamos ser hipócritas. E cada um tentava (e ainda tenta) viver nesse Mundo louco de uma forma um pouco menos imbecil. Procurando uma Alternativa, um Caminho, mesmo sabendo que haverão muitas e muitas pedras por ele. Cada um buscando, de toda forma, um jeito de respeitar a sua Consciência. Ou, em outras palavras, buscando um jeito de respeitar ao seu semelhante, a si mesmo e toda a Vida que há em sua volta...

23.12.08

Sticky & Sweet Tour: São Paulo, 20.12.2008


Eu estive lá e vou dizer pra vocês:
Bicho, a "djovem" é incrivelmente foda! Que show sensacional!...

18.12.08

O Guarda-Chuva


Quem sabe me dizer, sem pestanejar, qual é o plural de guarda-chuva? Ficou na dúvida? Esta é só uma das questões que nos afligem quando vem a época de chuva e entra em cena esta "grande invenção da humanidade"..

Vamos a alguns exemplos: quando você está para sair de casa e forma-se aquele céu carregado, não me diga que não pensa: "levo o guarda-chuva ou não levo?" (...) "Se chover fraquinho, beleza! Estarei a salvo... Se for um pouco mais forte, tudo bem. Vai molhar só a barra da calça. Quando chegar em casa eu ponho na máquina... Agora, se cair um toró daqueles, daí vou ter que ficar debaixo de uma marquise qualquer, porque o fedaputa do guarda-chuva tá meio quebrado!" (...) "E tem sempre aquela gotinha que fica caindo bem em cima do meu nariz, que eu procuro, procuro, e não vejo buraco nenhum!" (...) "Isso quando a porcaria do botãozinho cisma de não abrir o guarda-chuva e eu fico lá apertando, apertando que chega a doer o dedo! Malditos chineses!"...

Mas pode ser que não chova. Daí pensamos: "Eu tenho que ficar carregando esse trambolho pra cima e pra baixo! Não sei pra quê que eu fui comprar essa barraca ambulante! Podia ter deixado em casa" (...) "Olha aí, o Solzão que tá fazendo! Só esperou eu sair de casa com a porra do guarda-chuva na mão pra aparecer!" (...) E todo mundo te olhando torto na rua e pensando: "por que é que esse Manezão ainda tá com o guarda-chuva na mão? Era tão óbvio que não ia chover!"...

Ou pode acontecer exatamente o contrário: você sai carregando o dito cujo e, de repente, começa uma garoa. Naquele momento, a gente fica calculando se seria a hora ou não de abrí-lo. Mas sempre tem alguma mãe, namorada, esposa, irmã ou qualquer outro equivalente do sexo feminino que se antecipa e lhe repreende: "Vai ficar aí nessa chuva de molhar bobo?". Então, você abre o guarda-chuva, com uma cara de bobo que surge naquele exato instante, e que todo mundo na rua, constrangedoramente, passa a reparar...


Mas não é só isso! Veja que quando está chovendo no Centro, as pessoas ficam muito mais atarantadas do que de costume. Se esgueiram, se abaixam, correm, trombam, é sombrinha subindo, guarda-chuva descendo, abrindo, fechando, esbarrando na cara dos que passam... E quando a água começa a descer um pouco mais forte, aqueles que estão com as sombrinhas abertas são os primeiros a correr pra debaixo das marquises!?!?!... Enquanto os que não tem, saem xingando pelo meio da rua os outros "espertinhos"...

Outro problema é onde colocar o guarda-chuva molhado. Se tem algum canto pra deixar ele aberto no trabalho ou na escola, ok. Mas há lugares em que não tem como fazer isso e a gente tem que ficar com aquela coisa pingando no seu sapato, molhando a sua mão, a sua roupa... Ou então, você o encosta em algum lugar e, simplesmente, o esquece!... Acho que o guarda-chuva só não é mais perdido do que Caneta Bic... Só no ano passado eu perdi três! Fico olhando para algumas pessoas que têm o mesmo guarda-chuva por anos e anos e me perguntando: "Como pode?... Não é possível! Esse cara deve ter algum segredo!" (...) Não importa o tamanho, grande ou pequeno, eu sei que ao comprar, vou perdê-lo em, no máximo, três semanas...

É por isso que esse ano eu decidi: não compro mais guarda-chuva. Se tiver que molhar, que molhe! É um problema menor, perto dos transtornos que este objeto infame causa na minha vida e na vida das pessoas.

P.S.: Nem precisava dizer que para os homens, há pelo menos uma coisa no guarda-chuva que não incomoda: ele é sempre preto. E garanto que todos os senhores de respeito estão supersatisfeitos com essa falta de opção.

16.12.08

Homo Perdidus

Dia desses eu estava caminhando ali pelos lados do Sion e Anchieta para chegar à Rua Joaquim Linhares. Esta rua faz esquina com a Av. Bandeirantes e eu fui me orientando por esse marco. Acontece que, fazendo isso, eu dei uma tremenda volta, e cheguei ao meu destino "botando os bofes pra fora", como diria o pessoal lá da minha terra.

Acreditei que, descendo do ônibus, ali na N. S. do Carmo com Rua Montevidéu, o melhor a fazer seria seguir esta última, subir a Av. Uruguai até bem pertinho da Bandeirantes e ir margeando esta avenida até chegar na Joaquim Linhares. Só que esse trajeto fez com que eu quase dobrasse a distância que tinha a percorrer. Eu não precisava subir a Uruguai, mas sim atravessá-la. Se fizesse assim, cairia direto numa outra rua que daria acesso muito mais rápido e direto ao meu destino.

O ponto é que é impossível para mim, como para qualquer outro ser humano normal, saber de cór as ruas e trajetos de uma cidade grande como Belo Horizonte. A gente se orienta por alguns poucos pontos de referência, que ajudam a nos localizar e deslocar. Acontece que, mesmo assim, nos enganamos com uma facilidade absurda quanto à exata localização destas referências. Particularmente para nós, machos, esse tipo de falha causa profundo desgosto...

Já é da nossa tradição (e quando digo isso, me refiro à Idade da Pedra) que consigamos ter uma boa noção de localização, porque era o homem que sempre saía para arranjar comida para si e para a sua prole. Então, ele simplesmente tinha que saber isso para poder voltar pra casa (ou pra caverna, como queiram) e alimentar a sua fêmea e os seus filhos. Isso de mulher poder ir e vir de lá pra cá é coisa recente, talvez de uns 100 anos pra cá. Ou seja, pelos milhares de anos acumulados de “saída para a caça”, os machos têm, instintivamente, uma maior desenvoltura para deslocamentos.

Porém, me parece que a vida nas cidades está fazendo com que toda esta experiência embutida nos nossos cromossomos Y esteja regredindo. O emaranhado urbano se tornou tão complexo, com tantas regras e orientações (leia-se sinais e placas de trânsito), que a capacidade natural do homem parece estar se perdendo, pois ele “não precisa” mais desta capacidade para se orientar. "É só seguir as placas"...

Às mulheres (perdidas ou não) sempre lhes foi concedido o dom de saber usar a boca muito melhor do que os homens. Então, o que era desvantagem, hoje em dia, já está quase virando handicap feminino. Achincalhando a moral dos machos por ter chegado a um determinado local mais rapidamente, usando o recurso eficaz do “pára e pergunta”... Mas acho que isso seria nos submetermos à uma estratégia que não é a nossa. Ou seja, ao abandono de uma habilidade milenar, uma das poucas que temos mais desenvolvidas do que as de nossas incríveis parceiras. Então, sem chance!...

Outra coisa: para mim, essas paradas de GPS, Navegador, satélite e o caralho de asas turbinadas não funcionam. Homem que é homem não precisa desses “brinquedinhos” para sair de casa. Apesar de djovem, para certas coisas, eu sou um cara bem antiquado... É possível que sujeitos como eu estejam caminhando para a extinção. Em breve, viveremos num Mundo onde precisaremos, vou frisar, “precisaremos” de aparelhos eletrônicos e dos veneráveis recursos e táticas femininas para chegarmos a algum lugar. Talvez isso seja reflexo de uma nova era. Ou, em outras palavras: “Esse Mundo tá acabano mêss’!...”

12.12.08

Primeiras Impressões sobre a Capital


A minha idéia de Brasília era a de uma cidade fictícia, onde ninguém vivia. Como se fosse apenas uma cidade cenográfica onde os atores da política (e isso é um trocadilho!) poderiam ser melhor vistos. Isso. Brasília para mim era uma cidade cenográfica...

Mas obviamente isso não corresponde à realidade. Ao conhecê-la, percebi, com uma certa alegria, que há, sim, vida no Distrito Federal. Há um bom comércio, construções para todos os lados, dezenas de hotéis grandiosos, milhares de pessoas multicoloridas indo e vindo... Nada daquela imagem de homens sérios e engravatados desfilando por palácios e saguões...

Tá certo que esse aspecto ainda existe, e faz parte do cenário da cidade. Mas hoje, depois de quase 50 anos de sua inauguração, ela vai muito além disso. Há belos parques, shopping centers, museus, bons restaurantes, e aquela agitação típica de metrópole, na qual Brasília já se transformou.

É claro que, não conhecendo as cidades satélites, talvez deixei de captar o lado mais “barra pesada” do Distrito Federal. Mas acredito que não seja diferente do de outras capitais do Brasil. Nem quero dizer com isso que as cidades satélites não têm coisas (e pessoas) bacanas. Porque eu também sou do subúrbio, e sei o quanto os “ZN” são pichados e discriminados, e o quanto os digníssimos moradores da Zona Sul (no caso de Brasília, do Plano Piloto) andam equivocados em relação aos seus co-cidadãos monetariamente menos favorecidos.

Ao sair do planejado, o Distrito Federal se constituiu não em um projeto futurista e asséptico, mas em espaço real e vibrante! E aquele aspecto burocrático-fantasmagórico que a Capital Federal tinha em minha mente se desfez completamente...

Salvo as agruras climáticas que, por sorte não experimentei, já que choveu nos 3 dias em que estive por lá, parece-me ser um lugar até bastante agradável de se morar. Se houver oportunidades, acredito que não as recusarei. Brasília é bacana!

9.12.08

In Rainbows of Giants

Há 11 anos eu encomendei um CD numa loja que hoje já não existe mais. Ela ficava lá no Montes Claros Shopping. Eu cursava a faculdade e há poucos meses tinha conseguido um estágio no próprio shopping.

Eu e o Leandro, meu bom amigo, torrávamos quase toda a pouca grana que a gente ganhava em CD’s. O MP3 ainda levaria mais um tempo para virar a febre que é hoje. A gente curtia mais ou menos as mesmas coisas, trocávamos muitas idéias sobre música e aumentávamos a nossa coleção a cada mês.

Voltando ao CD encomendado, por mim e pelo Leandro, inclusive, só sabíamos da existência dele pela avalanche de elogios que vinha recebendo de todas as publicações especializadas do mundo inteiro. Comprei o CD, portanto, sem tê-lo ouvido previamente. Nem mesmo conhecia qualquer outra canção daquela banda. Simplesmente acreditei nas críticas que aquele era, sem dúvida alguma, o lançamento da década. O nome do disco era OK Computer. E a banda chamava-se Radiohead.

Assim que chegou a encomenda, logo fui para casa ouvir a tal “obra-prima dos anos 90”. Botei os meus fones, me deitei no chão da sala, apertei o Play e...

...Uaaaaahhhhhh! Fui abduzido! Aquele som era tão inacreditável que parecia ser de outro planeta! Fiquei tão estupefacto, que mal pude balbuciar duas palavras quando a minha irmã, depois que ouvi todo o CD e tirei os fones, me perguntou o que eu tinha achado... Não havia nada igual! Nenhum parâmetro!...

Quando os ecos do suicídio de Kurt Cobain ainda deixava cambaleante e sem rumo este velho moribundo chamado Rock n’ Roll, surgiram, do nada, uns ingleses branquelos e sem muito apelo, e criaram aquele monumento fantástico! Um marco reconhecido imediatamente pelos apaixonados pelo rock e pela música em geral. E que transportou os meus ouvidos e os do mundo inteiro para além dos limites que sequer poderíamos haver vislumbrado até então...

Agora, depois de todo esse tempo, confirmaram-se, finalmente, os primeiros shows do Radiohead no Brasil. Trazendo a turnê de seu último álbum, In Rainbows, para os palcos do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Por mais de 10 anos escutei a voz única de Thom Yorke, a criatividade torrencial de Colin Greenwood e cia., e sonhei com o dia em que poderia presenciar a última grande banda de rock ao vivo...

Esse dia está chegando: faltam pouco mais de 4 meses.. Já garanti os meus ingressos. E também os meus melhores amigos. E ao imaginar o que será este show, lembrando o que representa esta banda, as suas brilhantes composições, como Karma Police, I Might Be Wrong, High and Dry, Creep, Pyramid Song, Paranoid Android, e muitas outras, confesso que fico bem emocionado...

E eu estarei lá, cercado de amigos e sob a proteção de Jah...
E será putamente sensacional!

6.12.08

Catoblepas

Eu sempre acreditei nos meus sonhos. Que eles, por algum viés desconhecido, retratariam, sob certos aspectos, o que poderia ser o meu futuro.

O sonho em si é atemporal. Colhe elementos de todas as épocas e os embaralha de um modo especialmente estranho. Por vezes sonhei com pessoas e lugares que só conheceria anos depois. E estou certo de que isso não é uma ocorrência restrita a mim. Provavelmente você também já constatou o mesmo em algum momento de sua vida.

Entendo que as possibilidades do sonho são infinitas, mas elas decorrem diretamente das ações presentes. As decisões que tomo, as mínimas decisões, afetam todo o desenrolar das possibilidades oníricas. E eu acho que é justamente aí onde reside toda a sua riqueza.

O paradoxo dessa concepção é de que a constituição do meu ser é um processo simultaneamente autofágico e sinérgico. O meu “Eu futuro” alimenta-se das ações do meu “Eu presente”. E, posto que cada uma das minhas ações (decisões) admite, no mínimo, duas possibilidades, a da ação e a da não-ação, a soma da sequência dessas próprias ações é incalculável porque, a cada decisão minha, afetam-se todas as ações seguintes. Tornando o processo (o sonho), desta forma, uma sinergia em espiral tendendo ao infinito.

O que faz dos meus sonhos um Universo.
E, de mim, um Caminho.
Catoblepas!

2.12.08

Meias e Cores

De uns tempos pra cá desenvolvi uma certa obsessão por meias. Devo ter hoje cerca de 30 pares. E, por onde vou, sempre reparo nas meias que as pessoas estão usando e naquelas que estão nas vitrines das lojas. Já dei algumas para a minha namorada, e outro dia quando vi que uma meia velha que ela tinha estava a ponto de furar, lhe prometi mais alguns pares.

A obsessão é mais especificamente por meias pretas. Pelo menos metade das minhas devem ser pretas. Acho que há pelo menos duas vantagens para se escolher esta cor: 1° elas combinam com qualquer calçado e qualquer roupa que se vista e, 2° escondem melhor aquela sujeira da sola que fica super evidente nas meias brancas. Não que eu seja um porco que não lave os pés e usa o mesmo par de meias por mais de uma semana. Pelo contrário. O grande número de pares que tenho se justifica justamente por trocá-las a cada uso.

Isso é bom não só para facilitar a lavagem e não deixá-las encardidas, como também e, principalmente, para evitar aquele odor agradabilíssimo que exala dos pés menos bem cuidados.

Outro ponto é que o preto é a minha cor favorita. Isso explica alguma coisa... Se pudesse só usaria preto. Não sou gótico, nem headbanger, nem nada. Apenas gosto da cor. Mas com o calor infernal que anda fazendo nos últimos anos, é bem difícil usar preto todos os dias. Exceto no que tange a meias...

Também gosto bastante das meias de cor cinza. Mas aí já é por mera questão estética, pois acho que elas combinam melhor com calças jeans...

Na verdade, acho que também tenho uma certa obsessão pelas cores preto e cinza. Gosto da gravidade que elas representam. Afinal, eu sou um cara sério. E não acho muito bacana enganar as pessoas. Nem no conteúdo, nem na aparência.

29.11.08

Olhai os Lírios do Campo

Rufus,

às vezes tenho vontades meio malucas, tipo a de morar num quarto-e-sala, assim como você. O que mais me remete, ainda que existam muitos outros exemplos, é ao Pergunte ao Pó de John Fante. Mas ainda fico sem saber se isso seria uma tendência que eu tenho de me deixar levar pelo encanto do underground, desconsiderando os contras dessa situação extrema, ou se eu realmente me tornei maduro* o suficiente para ver que as posses não são capazes de trazer um sentimento de realização genuína.

É uma dúvida porque eu tenho o meu apartamento, e não me sinto exatamente realizado. Ele apenas me traz uma certa paz, enquanto posse. No sentido de que é uma garantia, saca? Uma coisa a menos pra eu me preocupar... Não é exatamente orgulho que tenho ao pensar no ap. Até porque eu contribuí com uma parcela menor para a sua aquisição. É como se fosse para mim uma dádiva, não uma conquista. E, sendo assim, não há uma realização pessoal** por sua posse, apenas um sentimento de gratidão.

P.S.:
* Maduro: concordo com o Daniel Galera, aplicar a palavra maduro a djovem é extremamente desconfortável, embora no momento não tenha encontrado outra para substituí-la.
**Realização Pessoal: a minha realização com o ap acontece na medida em que eu sou capaz de conservá-lo, e essa capacidade é a exata materialização da gratidão de que falei um pouco acima.

Black Mendel
Jah love protect us.

28.11.08

Obstrução: sf (lat obstructione) 1 Ato ou efeito de obstruir. 2 Med Entupimento, obturação. 3 Med Embaraço nos vasos ou canais de um corpo animado. 4 Polít Embaraço sistemático da minoria ao andamento dos trabalhos legislativos; obstrucionismo. 5 Oposição propositada. (Dicionário Michaelis)

Moda agora entre os nossos caros representantes eleitos é obstruir: o Governo não atendeu às reivindicações de liberação de verba? A oposição obstrui a próxima votação. A situação deseja adiantar discussão de um determinado projeto em nome de sua "relevância para o país"? Obstruem-se todos os projetos predecessores enviados por oposicionistas. Discordou-se de determinado ponto de uma proposta, obstrui-se tudo...

Faz lembrar dos tempos de menino, quando o dono da bola a punha debaixo do braço, franzia a testa, mostrava o beiço e acabava com a pelada quando não era escalado para jogar "na linha".

A última é que a votação da Reforma Tributária deve mais uma vez ser adiada para o próximo ano, em razão dos "trancamentos de pauta" propiciados pelas Medidas Provisórias. Os deputados da oposição obstruirão a votação da Reforma, alegando que o excesso de medidas próvisórias em tramitação pelo Congresso atrasou a votação do Orçamento Geral da União para 2009. E esta teria prioridade sobre a votação da Reforma Tributária, cuja discussão se inviabilizaria para Dezembro em razão de sua complexidade e importância.

Como representantes do povo, eu esperava que estes senhores tivessem uma capacidade, no mínimo razoável, para a negociação. A própria etimologia da palavra parlamentar sugere esta habilidade. Não é o que se vê. O que temos são deputados e senadores reticentes e obtusos que, ao invés de contribuir para a célere resolução das grandes questões nacionais, digladiam-se obstinadamente pelo "trancamento" ou "destrancamento" de pautas. Passando, ano a ano, a legislar sobre quase nada.

Parecem, no fundo, não se importar com o conteúdo e relevância da implementação das leis que, despudoradamente, tardam em votar. Preocupam-se, sim, em não "perder terreno" para o crescimento dos adversários políticos. Optando, em tempos de hiper-valorização midiática, pelo discurso tergiversante em detrimento da ação política construtiva e eficaz.

Há poucos dias atrás, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em última instância, que o mandato parlamentar não pertence ao candidato eleito, e sim ao partido ao qual este é filiado. Cabia lembrar porém que, mais importante do que indicar a quem pertence o mandato, é considerar que o interesse primordial a ser atendido em todas as questões debatidas no Congresso Nacional é o do povo. E este princípio não pode ser, de modo algum, passivo de qualquer obstrução.

27.11.08

Brennand: Totem-Carne


Depois de três visitas e alguns dias para a necessária "absorção do impacto", ainda estou bastante impressionado com a exposição "Brennand: Uma Introdução" que aconteceu no Palácio das Artes até a semana passada. Tentei escrever sobre isso por várias vezes nesses dias, mas não tinha encontrado, até aqui, as palavras certas para explicar o poder daquelas obras. E mesmo depois de ter finalizado (desistido) (d)o texto, acho que fiquei muitíssimo aquém do meu intento.

Francisco Brennand é um artista plástico pernambucano. E, aos 81 anos, continua trabalhando em sua Oficina no bairro da Várzea em Recife, onde encontra-se também uma espécie de Museu, com mais de 1.700 peças de suas fabulosas esculturas em cerâmica.

Ao observar os desenhos, pinturas e esculturas de Brennand, entretanto, vejo um artista atemporal e que não se deixa limitar por fronteiras de orientação regionalista ou nacionalista. O mito é o seu alimento, seja ele clássico (como em Diana Caçadora), medieval (Joana D’arc), ou moderno (em Maria Antonieta). O artista colhe do trágico e do fantástico a sua carga monumental de beleza, moldando de forma surpreendente a união do sublime e do grotesco.


O que também chama a atenção em Brennand é o inegável caráter totêmico de suas esculturas. O sagrado assume-se sob formas fálicas e a sexualidade é remontada em seus primórdios: de rito, sacrifício e reprodução. O erotismo não cabe, pois a Civilização que o criou está perdida. Para Brennand, a condição do Homem, apesar de todas as suas aptidões e capacidades intelectuais, é de um fatalismo inescapável. E a fusão brutalidade/harmonia que resulta de suas espantosas obras é reflexo contudente do destino grandioso e terrível que vem sendo traçado por nós, Humanos, desde os tempos mais remotos até a nossa prevísivel e, no entender de Brennand, breve extinção.

20.11.08

Don't Look Back

Comprei um DVD recentemente chamado "Don't Look Back". É um documentário feito pelo diretor americano D.A. Pennebaker em 1965. Registra o que seria a última turnê acústica de Bob Dylan na Inglaterra (e um prólogo da radical virada da sua carreira, marcada pelo clássico álbum Highway 61 Revisited). E se eu pudesse resumir o filme em uma palavra diria: foda!

Começando por Pennebaker: o cara é considerado uma lenda entre os documentaristas, um dos pioneiros do chamado "cinema direto". Desenvolvido a partir das inovações tecnológicas da época, que deram uma maior liberdade de movimentação à câmera, tinha como ideário a não-interveção ou, pelo menos, uma mínima intervenção do diretor durante as filmagens. Estratégia que hoje, quatro décadas depois, ainda é utilizada (e comercializada com pompa e circunstância) por diretores "da moda" como Fernando Meirelles, João Moreira Salles e cia.

No documentário encontro Bob Dylan em um dos principais momentos de sua carreira. Acompanhado na turnê por Joan Baez e alguns integrantes do Animals, vemos o artista, è época com 24 anos e somente 3 de carreira, já aclamado com um gênio musical e pulsando com uma energia devastadora!

Seja em sua verborragia sarcástica com os jornalistas, em seus momentos de concentração/distração/inspiração diante da máquina de escrever, ou mandando ver em cima do palco com seu violão e gaita indefectíveis, o que vi foi um artista em sua essência: uma torrente hiper-expressiva de idéas e atitudes, metralhando velhos conceitos e inspirando novas formas de ver e retratar o mundo. "Don't Look Back" produz, meio sem querer, tanto a desmistificação de um astro ascendente, revelando o seu egocentrismo, arrogância e distanciamento, quanto a sua (re)criação, dando-nos a chance de observar Bob Dylan em toda a sua inquietude, energia criadora, em sua incrível inteligência e poder persuasivo, tanto dentro quanto fora dos palcos. Características que o distinguem ainda hoje como um dos grandes nomes do rock atual e da música de todos os tempos.

"Don't Look Back" é um documentário clássico de um diretor clássico, sobre um artista genial em um momento único de sua carreira. Ou seja, imperdível!

12.11.08

Not Adaptable

My world, excuse me, but you ain't quite adaptable to me.
I know that the're such a good things that you provide me, but, fuck! What's your problem with the poors, the honest people? Whose that ain't want to fuck anybody?
Just live your lives...

What are you became so hard, so complex, so uncomfortable, so weird?
People suffering! Innocents! Innocentes, do you know?
I don't know what do with you. I really don't know!
If you had a face, I'll bit on it until bleed...
Why do you leave these dirty Men dominates?
What kind of idiot would allow something like this?

3.11.08

Concept Four

I'm a young guy. Obviously, I still lack experience in many situations. I've tried to be attentive to every opportunity of Learning, and tried to reap the maximum of each experience.

To the extent that I take contact with the great men, with his ideas and, mostly, his attitudes, a value that has been revealed more and more important to me is the perseverance.

Some call it determinantion, others discipline, willpower, but I particularly associate it to faith. A man that at no time doubted of his magnanimity, his moral force, his ability to achieve his purposes, to this man I call persevering. The faith that he has in himself is like a rock. In each obstacle, each difficulty, in most terrible conditions, his faith ans obstination never let him out of the rails.

However, the persevering man is also humble. He knows of his greatness, and demonstrates it trough his work, leaving for fools the empty self-promotion. The result of their work is the biggest and best propellant for their achievements. And often, his victory means that other anonymous persons feel in that man the reflection of their own greatness.

22.10.08

Concept Three

The concept of Truth has been studied and built by philosophers and religious trough the centuries, even so nowadays persist like a great mistery for plenty of us. Perhaps because the Truth is something personal, or maybe 'cause we aren't prepared to accept it.

The search for the truth is constantly worring me. Despite the Truth changes during time and space, I feel that the need of Truth is not innocuos. Indeed, it became more and more necessary.

Between thought (from philosophy) and revelation (from religion), Truth will always be related with freedom. And this argument makes this discussion so interesting and important...

To me, somehow the truth is related with simplicity. When something simple suddenly hits you right in your heart, like the sound of a river down, like a mother kissing her child or a brother's missing letter sent to other far away... Truth makes Life lighter.

21.10.08

Concept Two

Why should I want to know about me? Why have I this urgent need?

Knowledge is the basis of Human Development in History. The main reason for our preservation and supremacy.

I should know more about myself and everything around 'cause this is a part of human self-preservation instinct. “I want to know.”: This is the first and the last thought of a Man ever. The soul of your anima.

20.10.08

Concept One

Art is the sensible expression of Beauty. The Beauty of things, sensations, emotions, ideas...The expression of yourself, of the world.

Express yourself: that´s the deal. Express yourself like a way to know yourself, to clean yourself, to show yourself, to die... and reborn.

Discovering another paralell being, but even true. Sometimes, more true than the original.

22.8.08

Ouçam!


24.4.08

Sobre o Tempo

Ando sentindo o tempo. A sua presença, quero dizer. Como um ente atuante sobre o mundo físico. Mas não sobre os critérios conhecidos de um mensurador de etapas evolutivas do soma, ou de um parâmetro assombroso de decrepitude e indicativo de morte. Não. Uma nova percepção tem, aos poucos, se infiltrado em meus pensamentos. É como se ele, o tempo, estivesse se materializando diante dos meus olhos. Eventos passados e futuros se cristalizam em pequenas observações diárias.

Certamente alguém já deve ter teorizado sobre isso, mas o meu arcabouço de conhecimentos é demasiado pobre e a minha memória não é lá muito minha amiga. De modo que, o que digo aqui, pode ser fruto de experiências e conhecimentos acumulados, embora eu não vá saber citá-los, nem por um enorme esforço mental, nem por um chute despretensioso da intermediária... A minha rasa intelectualidade também não me permite usar do vocabulário adequado para o tema. Prometo, em outra oportunidade e se me permitirem, voltar a esta questão com mais propriedade. Por ora, tentarei apenas expor as idéias, sensações e intuições que tenho tido nas últimas semanas da maneira mais clara que puder (ou não).

Retomando o primeiro parágrafo, venho percebendo que os meus sentidos têm se aguçado recentemente e acho que estariam, de certo modo, se entrelaçando numa espécie particular de sinestesia. O que antes era apenas imagem, ou apenas paladar, torna-se algo mais completo, catalisando uma maior gama de sensações simultaneamente, criando em minha mente, relações com coisas outrora absolutamente desconexas. Pode ser que esse tipo de experiência sempre tenha havido, mudando agora apenas na intensidade da percepção. O que importa é que essas novas sensações estão centrando as minhas atenções e a minha curiosidade hoje. Venho tentando, de algum modo, organizar estas experiências de uma maneira inteligível para mim. E este texto é a primeira concretização viável desta tentativa, embora ela já venha me ocorrendo há alguns meses e exista uma possibilidade real de que qualquer tentativa de “racionalizar” estas experiências acabem por anulá-las.

Cada momento como esse (em que ocorre a interconexão de sensações, memória e tempo) é exatamente indescritível e, o que posso apresentar seria, simplesmente, uma tentativa de apresentação de cada componente do evento em separado, seguido das minhas considerações/alucinações posteriores àquele momento. Um pássaro que repula espevitado em seu ninho, por exemplo, pode instantânea e simultanemanete me remeter à brutalidade da Guerra do Vietnã, à rapidez da cor amarela, à pungência e esplendor de uma ópera de Verdi e/ou a uma queda de bicicleta na infância. O que mais me impressiona e intriga é com que clareza e naturalidade coisas tão distintas quanto essas adquirem, naquele instante, uma ligação evidente, como se todas dependessem umas das outras para se concretizar. Mas tão fugaz e ofuscante quanto um relâmpago, aquele evento se desmancha no tempo e espaço, deixando-me igualmente assombrado e deslumbrado. E eu fico a vagar por longos minutos em meus pensamentos e elucubrações.

À parte de minhas concepções/confusões religiosas, estas mega-epifanias, têm me proporcionado importantes momentos para reflexão sobre as grandes e eternas questões humanas: quem sou, de onde sou, para onde vou, o que devo seguir, ou mesmo, se devo seguir algo, sobre as consequências dos meus atos, etc. Acho que há alguma verdade que pretende revelar-se a mim por esses meios, algo que foge aos conceitos que fui condicionado a ter. Algo que, ao ser percebido, operará uma transformação profunda da maneira como vejo o Mundo. E assim, consequentemente, também transformará o modo como eu vivo sobre ele.

P.S.: É provável que este texto ainda não esteja pronto e que seja remendado em breve (depois de alguma outra mega-epifania, ou não).

25.3.08

Vida Nova

Quando a Páscoa chega sempre fico me perguntando que raios as pessoas esperam desse dia? Chocolates, a gente pode comprar e se empanturrar em qualquer dia! Por que esperar por esse Domingo do ano? Apenas para justificar um instinto consumista (como no Natal)?

O que as pessoas querem dizer com “Feliz Páscoa”? Algo do tipo: "Vai lá e se esbaldeie de Bacalhaoada e cerveja!"? Ou seria, "Que você ganhe um ovo de páscoa bem grandão e se entupa de serotonina e gordura saturada!"?
Não conheço ninguém que não tenha aguardado o feriado como um simples dia para descansar ou para emendar no fim de semana e “pegar uma prainha”!... Me parece que todas as datas comemorativas (incluindo as santas) perderam completamente o seu objetivo inicial. Agora servem somente para aliviar a pressão do trabalho ou da escola.

Fico intrigado, e um pouco preocupado até, porque estas datas não foram instituídas por acaso. E se elas têm um significado, um simbolismo, é porque isso seria, teoricamente, importante de ser mantido e transmitido para todos. Mas agora, tudo parece tão distante! Que sentido vemos nestas comemorações nos dias de hoje? Como distinguir a importância de um dia, de um evento, de uma figura histórica, se simplesmente adotamos todos estes dias como meros e pasteurizados “feriados”? Quem não já se pegou perguntando em alguma oportunidade: “Mas o feriado é de quê mesmo?”

Fica a impressão que é apenas uma justificativa mal-ajambrada para a oportunidade de colocar em prática a histórica e endêmica preguiça nacional. É uma pena, pois é óbvio que um povo que não conhece e reconhece a sua história (ou mesmo o seu sistema de crenças) perde muito de sua identidade.

E é justamente isso o que percebo ao meu redor. Vejo hordas de bípedes endinheirados devorando toneladas e mais toneladas de chocolate, crianças que não fazem a mínima idéia de que coelhos não fazem ovos e de que renas não voam, gente que enche o bucho de bacalhau num determinado Domingo do ano e de picanha em todos os outros, irmãos de sangue que se matam em uma simples discussão, madrastas torturando enteadas... E eu, pasmo, constato: eu não pertenço a este mundo! Eu não sou assim! Por que sou obrigado a suportar isso? Por que as pessoas querem que eu seja igual a elas? Mentindo, tramando, invejando, cobiçando, odiando, desprezando, desvirtuando, magoando... e fingindo... Fingindo que está tudo bem, que as coisas são assim mesmo, que a felicidade é isso, que tudo vai dar certo no fim (ainda que se tenha que passar por cima de um ou de outro), fingindo que não sabem que não são ninguém, que não há por onde fugir, que tudo não passa de uma grande merda de uma ilusão!

"Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior." Tenho 30 anos, muitos sonhos, poucas ambições e já me cansei dessa vida...

24.3.08

Um Século de Glória e Paixão


Parabéns ao fantástico Clube Atlético Mineiro e a todos os torcedores do Galo em Minas Gerais, no Brasil e por esse Mundão afora!

19.3.08

Eu Vi a Lenda



Eu vi a lenda.
Em seu terno prateado,
eu vi a lenda.
Empunhando a sua guitarra,
eu vi a lenda.
Atacando ferozmente o piano,
eu vi a lenda.

Eu vi a lenda e sua lendária voz
quase sumindo.
Eu vi a lenda num hercúleo esforço
para cantar.
E eu vi que todos viram o mesmo.
E vi que as pessoas reconheceram
e reverenciaram o seu esforço.

Eu vi e ouvi a lenda
cantando as suas lendárias canções.
Vi e ouvi todos cantarem juntos
a plenos pulmões.
Eu vi a lenda tocar dezenas de novas músicas.
E relegar dezenas de clássicos a ficarem ressoando
apenas na memória dos fãs.
Como se a sua história começasse ali.
Como se a lenda não fosse lenda.

Eu vi a lenda e sua lendária sisudez.
Eu vi a lenda e sua energia magnética.
Eu vi a lenda e o brilho em todos os olhares.
E os corações crepitando de entusiasmo.
E senti o Mundo pulsando em seus acordes e letras.
Eu vi a lenda e senti todos os gigantes dos séculos
tocando a mão sobre a sua cabeça
e dizendo: "Estamos contigo."

Eu vi a lenda, e vi que a lenda era mortal.
Eu vi a lenda e que ele era apenas um garoto das terras do Norte.
Eu vi a lenda e que ele era apenas mais um homem triste e solitário.
Eu vi a lenda. E a lenda se chamava Bob Dylan.

15.2.08

O Segredo da Vida [por Paul McCartney]

Há sete níveis.

14.2.08

We're just kids

I wanna keep that ant above our fingers forever.
And laugh, and laugh, and laugh, and laugh...