25.12.06

Thanks, Mr. Dynamite.

James Brown: 1933 - 2006

3.11.06

Mr. Roncs e a pobre rima

Mr. Roncs, naquelas cópulas mornas de fim de noite, tinha uma vontade enorme de aplicar-lhe singelos tapas. Não o fazia por receio de assustar a nobre garota. Ficava sempre de indagá-la previamente, mas faltava-lhe o desprendimento para tal iniciativa. Ao menos, Mr. Roncs já sabia que os seus sentidos eram suficientemente evoluídos para a banalizada prática, visto que tinha o saudável hábito de assim divertir-se com as pagas.

Contudo, não o fazia com a nobre garota. Com ela era diferente. Mr. Roncs supunha que essa precaução pudesse nominar-se Amor, mas ainda estava um pouco confuso quanto a isso. Certamente não lhe ocorreu que unir Amor e Dor era o óbvio do óbvio nas canções populares que ele tanto apreciava.

1.11.06

Mr. Roncs e os azulejos

Certa vez Mr. Roncs lera que Marcelo, quando menino, deleitava-se em lamber azulejos. Ficou encucado com aquilo. Detinha-se no meio de uma conversa para pensar na textura, na forma, nas dimensões, na temperatura de um azulejo ao toque da língua. Imaginava o rastro de saliva deixada por Marcelo formando ideogramas, ele pegando uma escada para experimentar cada quadradinho daqueles. E deu risadas ao pensar na possibilidade do garoto ter sujado os degraus do equipamento se masturbando... Mas depois lembrou-se que de outra vez havia também lido ser Marcelo contra a ejaculação. Dizia que era um negócio totalmente anti-erótico. Mr. Roncs não soube inferir se essas já eram concepções do Ele Lírico à época dos azulejos lambidos.

Antes de digredir para outras searas, no entanto, Mr. Roncs julgou, considerando a sua peculiar condição, que não teria o desprendimento, tampouco a evolução dos sentidos para dedicar-se a este recreio que Marcelo tão saudosamente registrou em suas preciosas anotações.

30.10.06

Mr. Roncs & The Golden Shower

Há momentos em que penso existirem coisas mais absurdamente prazerosas do que o sexo. Por exemplo? Num bar, com os amigos, tome uma boa, uma grande quantidade de cerveja e segure o máximo possível antes de ir ao mictório. Se você for um cara realmente bravo e resistir até o último momento, na hora do jorro sentirá uma baita dor nos rins de tanto acúmulo! Vai dar vontade de gritar, de urrar, de grunhir... Mas após essa etapa inicial, o alívio será tão intenso, mas tão intenso que não haverá nada no Mundo que pague...
[E quem nunca pensou nisso, que atire a primeira garrafa!...]
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Ai!!! Quem foi o fedaputa que jogou isso aqui?!... Tá sangrando, ai!...
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Bem, vamos em frente... Quanto à prática indicada na epígrafe deste post, ainda não cheguei a tamanho desprendimento e evolução dos sentidos. Foi mais para chamar a atenção dos incautos leitores. As minhas perversidades se extendem para outros domínios...

8.10.06

Solidário

Caros amigos, este blog aderiu, desde a última terça-feira, à greve por tempo indeterminado.

19.9.06

Dias de Luta

Passou o 7 de Setembro. Declarei a minha independência do Brasil.
Aproximam-se as eleições e não tenho candidatos.
No Dia das Crianças já sei que não vai ter brinquedo.
Finados: estão numa situação melhor do que a nossa.
15 de Novembro? Sou anarquista...
Depois vem o Natal. Mas Papai Noel nunca me enganou.
E daí vem o Ano Novo pra tudo continuar na mesma...

O que seria dos feriados sem a possibilidade redentora da embriaguez?

18.9.06

Joker Man

A despeito de um comentário irônico que fiz outro dia, causando uma certa exacerbação, travei este diálogo com Lili Marlene, principiando por dizer-lhe que, obviamente, aquela afirmação era em tom de brincadeira. Entretanto, Lili Marlene, com todo aquele jeito Lili Marlene de ser, tenta então me implicar no crime de Ato Falho:

Lili Marlene: "É, mas toda brincadeira tem um fundo de verdade..."

Ogro: "Você acha mesmo?"

Lili Marlene: "Claro! A pessoa fala brincando, mas tem uma verdade por trás do que ela disse."

Ogro: "É, pode ser. Mas é uma verdade que ela nega, porque ri daquilo."

Lili Marlene: "Como assim?"

Ogro: "Se alguém brinca com algo que em tese seria verdade é porque já a superou. Era alguma coisa que valia para esta pessoa, mas que já não vale mais. Então, ela é capaz de brincar com aquela verdade."

Lili Marlene: "É, acho que tem razão. Talvez seja uma verdade que a gente nega..."

Ogro: "Acho que mais superada do que negada. Era verdade, mas deixou de ser. E talvez deixe mesmo de ser no exato momento em que rimos dela."

Diante de tanta perspicácia, Lili Marlene desconversa resignadamente [ou resigna-se desconversadamente] mudando de assunto...

15.9.06

Mais do mesmo

Conversávamos eu e o Carcamano sobre um curta que ele tinha assistido, Glaubirinto, com diversos depoimentos sobre pessoas que conviveram com Glauber Rocha. Lá pelas tantas, ele me descreve o [anti] depoimento comovido [e comovente] de Jards Macalé. Então surgiu o microdiálogo que segue [da maneira como eu me lembro dele]:

Ogro: "Parece que existem pessoas que vivem mais do que a gente. Não no sentido de tempo cronológico, mas de quantidade de vida mesmo. Como se elas pudessem viver mais de uma vida ao mesmo tempo. Como se elas fossem pessoas multiplicadas... É como eu vejo o Glauber... Ele era capaz de ser vários ao mesmo tempo. Enquanto que pessoas como nós só conseguem ser uma pessoa por vez. A nossa mutliplicidade nos seria insuportável."

Carcamano: "Porra, Mendel, assim você acaba comigo!"

Ele sorriu, tomou o seu último gole de Almadén e então mudamos de assunto...

14.9.06

Eu sou mais eu

Esse textículo foi um comentário que eu fiz para um post do Eletrochoque [com link aí do lado] e achei por bem reproduzir [acrescentando algumas pequenas partes] para os meus outros [parcos] leitores assíduos que ainda não viraram também assíduos do blog do meu amigo Moisés. Eu diria que é sobre frustrações e transformações. Mas pode ser sobre outras milhares de coisas:

"Nunca tive dúvidas, na minha infância e adolescência, de que um dia eu seria um homem de sucesso [seja lá em que área fosse]. Mas daí eu fui crescendo e crescendo e me pergutando: -Mas que bosta de dia é esse que parece sempre tão distante?... E então eu comecei a me indagar se eu realmente era aquele gênio que eu pensava [e todo mundo concordava] que eu era... Hoje me vejo cada vez mais longe desse projeto que fazia para mim mesmo. Mas, ao mesmo tempo, vi que alcancei coisas, conhecimentos, idéias, sensações, intuições, capacidades que jamais pensei em ter. Ainda não sei se a minha inteligência é maior ou menor do que a das outras pessoas em geral. Acho que isso não importa muito mais. O que conta é chegar aonde eu possa chegar. Não quero ser nem mais, nem menos do que eu mesmo. O diabo é que a cada dia sou um eu diferente, me entorto, me transfiguro.. De repente, brotam outros eus de dentro de mim! E me espanto. E me reconheço. E fico querendo mais [olha a incoerência aí de novo]. Contudo, me sinto melhor agora. Eu sou mais eu [matematicamente falando].

Ave cerva!"

12.9.06

A Coisa coisando por aí...

A coisa numa formiga por entre nossos dedos. A coisa numa euforia infantil ao ver o sonzinho comprado. A coisa plantando bananeira. A coisa genialmente coisa em Space Oddity. A coisa nas conversas à luz de velas no quartinho punk. A coisa com Ed cantando Adoniran. A coisa nos deliciosos bifes do Cloquet. A coisa em Dona Binho levantando para fumar um cigarro e voltar a dormir logo em seguida. A coisa insuportavelmente coisa nos gritos de Gal em Vapor Barato. A coisa nas incríveis histórias de uma mulher vitoriosa. A coisa nos animados brindes ao som de Yellow Submarine. A coisa no Tu do Eu. A coisa nos textos de Ms. Walmrath. A coisa num: "-Ahn?... Quê?... Colorado!?... Campeão!?". A coisa ao tomar café ouvindo a canção nº 4. A coisa na boca hipnótica. A coisa na vovó ao me confessar saudades. A coisa eternamente coisa na voz de Miltão. A coisa inimitavelmente coisa numa inimitável cara de Eldo. A coisa no silêncio para a canção saideira. A coisa na melancólica lucidez de Hank. A coisa no Mineirão. Leo Cohen coisando a coisa sem parar. A coisa no abraço fraternal de Rodrigão. A coisa na pontuação peculiar e nas ternas putas do Mirisola. A coisa no coração de Marião. A coisa sem meio termo. Por nome Elis. Por nome Morte. A coisa por nome Deus. Por nome Epifania. A coisa por nome Iluminação. Por nome Coisa. A coisa por nome Amor. A coisa por todos os nomes. A coisa sem nome.

P.S.: A Coisa foi descrita pela primeira vez como "A Coisa" por Neal Cassidy [vulgo, Dean Moriarty] ao presenciar um solo incandescente de Charlie Parker.

24.8.06

Like a good wine

Depois dos recentes acontecimentos, tenho me sentido como Lou Reed naqueles idos de 70 ["A Gift"... vocês sabem, né?]. Mas não sei até quando... Parece tudo meio irreal. Surreal!...

O curioso é que há uma leveza brutal nessa onda [Talvez aquele segundo verso seja o mais sarcástico de todos: "(...)Responsability(...)"; vocês sabem, né?] O riso em mim causado ao ouvir Lou cantando isso pela primeira vez não é o mesmo que rio agora. Hoje há uma surpresa decorrente dessa empatia súbita. Talvez de uma afetação inconsciente e mal disfarçada. Ou talvez como o riso de uma criança ao descobrir uma brincadeira nova e gostosa.

Mas ainda que essa situação evolua, acho que não seria capaz de cantar estes versos com tanta seriedade e convicção como Lou Reed o fez. E, ao mesmo tempo, acho que me falta tanto!... Se Diógenes retornasse nos dias de hoje com a sua célebre lanterna, temo que seguiria sem encontrar o objeto de sua busca. Graças a Deus, a coerência não tem sido o meu forte ultimamente.

Às vezes o übermann nietzschiano me parece até mais próximo da realidade do que o próprio homem... Aliás, discordo frontalmente daquelas que dizem que é mais difícil ser do sexo oposto: a existência é pesada para todos.

Contudo, há sempre aquilo que é [O Que Será?] e que nos leva...

Baby, se um dia nos encontrarmos, presenciaremos milhares de epifanias juntos. E tudo vai ficar bem, para sempre.

28.7.06

Tuareg

Que preço pagamos por vomitarmos com coragem as nossas verdades?
Que preço pagamos por desnudarmos o amor que nos mantém vivos?
Que preço pagamos pela vileza de torturarmos o outro, colocando-o diante de um espelho?
Que preço pagamos por sabotarmos o lugar-comum da impossibilidade?

Vagamos altivos pelos desertos da incompreensão.
Como tuaregues urbanos.
E resistimos, resistimos, resistimos...
como nos é peculiar.
Para que possamos incomodar por mais um pouco os vossos espíritos tacanhos.
Para a glória do amor.

26.7.06

Isnha Vlatz Can Bodit

Deodô undos guns que tá. Lapra clenvi dana teshko socren. Galaposi tentankin crasoles.

amos du fincher cricto n bola zon te pla bu mon ber tu vi acla prit tuf don glendre aclac aclac aclac.

1.7.06

O clássico dos clássicos



Me and The Devil Blues
by Robert Johnson


Early this mornin'
when you knocked upon my door
Early this mornin', ooh
when you knocked upon my door
And I said, "Hello, Satan,"
I believe it's time to go."

Me and the Devil
was walkin' side by side
Me and the Devil, ooh
was walkin' side by side
And I'm goin' to beat my woman
until I get satisfied

She say you don't see why
that you will dog me 'round
spoken: Now, babe, you know you ain't doin' me
right, don'cha
She say you don't see why, ooh
that you will dog me 'round
It must-a be that old evil spirit
so deep down in the ground

You may bury my body
down by the highway side
spoken: Baby, I don't care where you bury my
body when I'm dead and gone
You may bury my body, ooh
down by the highway side
So my old evil spirit
can catch a Greyhound bus and ride

24.6.06

Pra não dizer que não falei da Copa

Taí um blog que fala tudo o que a gente sempre anda falando, mas de um jeito bem divertido.
Abaixo o "comentarismo globalizado"!

19.6.06

Long Distance Call

O que há de mistério em nossas vidas deixa-nos às vezes um pouco atordoados. Como explicar que a maioria dos nossos sonhos e desejos dê em absolutamente nada? Seria preguiça? Incompetência? Ou uma simples turvação dos sentidos que inconscientemente nos impediria de alcançarmos a vida em sua máxima condição? Como entender que por mais que a gente tente e se esforce, haja tantos desencontros, tantos mal-entendidos? Seria o destino realmente essa coisa tão miseravelmente cruel e maquiavélica, zombando de todos nós, seres humanos idiotas e volúveis?

Não, meus amigos. O homem é grande demais para ser submetido a este tipo de joguete. Ele, e somente ele, é a causa de todos os seus infortúnios. Cada um cria o seu próprio inferno. E somente aquele que o criou é capaz de libertar-se dele. Mesmo que ninguém viva isolado e que seja necessário, em muitas oportunidades, o apoio daqueles que lhe cercam, é óbvio que a superação de tudo o que lhe destrói e põe para baixo passa inicialmente pela sua própria vontade.

A vontade é o que move o Mundo. É o que me move, e o que move a todos. Mas como aceitar que quando as vontades coincidam, ainda assim as coisas não aconteçam, não se apresentem da maneira como se esperava delas? Para mim a única saída é acreditar que é impossível que haja uma relação tão direta de causa e efeito entre as ações. Acreditar que os resultados de uma ação têm efeitos tão dissipados e, ao mesmo tempo, tão poderosos ao longo do tempo, que é preciso que se tenha uma convicção mágica de que tudo, absolutamente tudo, é possível!
Um desejo que não se arrefece com os obstáculos que surgem pelo caminho é a arma fundamental daqueles que obtêm grandes conquistas.
E isso se chama fé!

17.6.06

A Ponte

O meu primeiro porre foi na República da Biogênese. Este nome foi em homenagem ao meu primeiro vômito de porre, que foi no carpete da escada que levava ao banheiro da casa. Entupi o bidê com vômito. Era um predinho antigo, porque hoje em dia as casas não têm mais bidês. Gostava de ir na república pois lá moravam umas garotas muito bonitas e simpáticas. Inclusive uma italianinha de olhos verdes chamada Daniela. Fiquei a fim dela. Mas a guria não me quis. Hoje dou total razão à Dani. Porque desde o dia em que a conheci [no dia do porre] até o dia em que ela voltou para a sua cidade, vomitar em seu carpete tinha sido o meu mais grandioso feito. Além disso, eu era meio esquisito: não tomava café, ia de bicicleta para a faculdade, era atleticano, meu melhor amigo tinha um camundongo de estimação chamado Cannabis e comia cajás em sala de aula. E ainda por cima, eu nunca tinha ido à praia, nem à zona. Mesmo fazendo parte da famigerada “turma do fundão”...

Dou razão a todas as garotas que não me quiseram [E não foram poucas]. Mesmo aquelas que nunca presenciaram as minhas espetaculares golfadas pelas noites montesclarenses.
Que fase terrível foi aquela!... Foi triste descobrir-se um fracassado aos vinte e poucos anos. Não tinha emprego [dinheiro nem se fala], não tinha carro, fazia um curso por inércia, sem a mínima perspectiva; amigos contava nos dedos de uma mão. E eles se sentiam tão ou mais fracassados do que eu. No girls, no fun... E percebi que não era um gênio de futuro brilhante, mas um cara medíocre, covarde e preguiçoso. Que trancou-se em seus próprios medos e virou um estúpido clown.

Porém, um dia ela fez tudo mudar. Tudo mudar! De uma hora para outra, eu não era mais eu. Mas um outro. A supresa desta guria era a minha surpresa. De onde vinha toda aquela avalanche de sensações e descobertas? Como uma pessoa é capaz de modificar tão profundamente a vida da outra com umas poucas palavras? Dali em diante eu pude enxergar a minha real potência. E essa potência se chamava amor...
E daí a liberdade. A luz. A verdade. O movimento. O delumbramento das infinitas possibilidades: era como sair de um casulo de onde só enxergava por uma pequena fresta.. Fez-se um homem do que antes era um verme.

Mas o engraçado foi que eu não soube como demonstrar toda essa minha nova energia para a tal garota. Eu me perdi na empolgação do amor e fiz da verdade [de amar] uma arma contra mim mesmo. É que o que imaginava ser verdade [e, portanto, um dever de se mostrar] na verdade era um engano. Naquele turbilhão, o meu erro foi amar demais [e falar demais, pois muito do que pensava ser sinceridade, para ela era puro tormento].

Hoje aprendi a conter-me um pouco mais. Descobri que devo utilizar-me de uma certa perspicácia para que seja possível que se realize a minha potência. É bom moderar se não o coração, pelo menos as palavras. Acredito que agora uso-as melhor a meu favor. E nisso tenho depositado toda a minha esperança para aplacar essa eterna ausência no peito. Que consome-nos, pobres inocentes, a doses mínimas e regulares.

Dos Crentes em Além-Mundos

" [...] " [...] Da mesma maneira projetei eu também a minha ilusão mais para além da vida dos homens à semelhança de todos os crentes em além-mundos. Além dos homens, realmente? Ai! meus irmãos! Este deus que criei era obra humana e humano delírio, igual a todos os deuses. Era homem, tão-somente um fragmento de homem e de mim. Esse fantasma saía das minhas próprias cinzas e da minha própria chama, e na verdade nunca veio de outro mundo.
Que ocorreu, meus irmãos? Eu, que sofria, dominei-me; levei a minha própria cinza para a montanha; inventei para mim uma chama mais clara. E vede! O fantasma ausentou-se!
Agora eu estou curado, seria para mim um sofrimento e um tormento crer em semelhantes fantasmas. Assim falo eu aos que crêem em além-mundos. [...]

[...] Houve sempre muitos enfermos entre os que sonham e suspiram por Deus; odeiam furiosamente o que procura o conhecimento e a mais nova das virtudes, que se chama lealdade.
Olham sempre para trás, para tempos obscuros; nesse tempo, certamente, a ilusão e a fé eram outra coisa. O delírio da razão era algo divino, e a dúvida, pecado.
Conheço demasiado esses semelhantes a Deus; querem que se acredite neles e que a dúvida seja pecado. Também sei de sobra no que eles crêem mais.
Não é, certamente, em além-mundos e em gotas de sangue redentor; eles também crêem principalmente no corpo, e ao seu próprio olham como a coisa em si.
O seu corpo, porém, é coisa enfermiça e de boa vontade se livrarão dele. Por isso escutam os pregadores da morte e eles mesmos pregam os além-mundos.
Preferi, meus irmãos, a voz do corpo curado; é uma voz mais leal e mais pura. O corpo são, o corpo cheio de ângulos, retos, fala com mais lealdade, e mais pureza; fala do sentido da terra."

Assim falou Zaratustra."

12.6.06

Adiós Lounge

Descobri isso aqui por acaso, entrando em uns linquezinhos obscuros...
Lady Averbuck strikes again...

10.6.06

Recado ao Mr. Mojo

Sei que você não costuma perder tempo com estas porcarias, mas acredito que, de algum modo, esta mensagem chegará até você.

Como toda lenda, as notícias que me chegam sobre a sua figura são sempre envoltas em uma certa dubiedade respeitosa. As suas ações e palavras parecem retumbar de forma diferente e turvar a percepção daqueles que as presenciam. Às vezes me chegam aqui, na capital, notícias de teus feitos, as quais sempre ouço com respeito e atenção.

Todos que já tiveram oportunidade de te conhecer mais de perto, sabem desta energia peculiar que tem. E te reconhecem claramente como o maior talento de “nossa turma”. Opinião que você, com sábia humildade, procura não levar em consideração.
Mas, creia-nos: a gente confia muito em você, na sua potência. E temos certeza de que pode alcançar coisas grandiosas e inigualáveis!..

A sua guitarra mágica ecoa permanentemente em meus ouvidos. Não como lembrança [porque nunca a ouvi], mas como um sonho, uma promessa. Eu acredito fortemente que falta muito pouco para que os seus acordes possam alcançar [e encantar] o Mundo [Talvez estes montes não sejam claros o suficiente para refletir o seu talento]. E sei que todos os que já te ouviram também pensam assim.

Portanto, quero te pedir, bom amigo, que não permita que nada, nem ninguém te desviem deste teu caminho. Siga o exemplo do nosso velho pirata do rock e adote solenemente a guitarra como sua esposa. Durma com ela. E brinque, e trabalhe, e goze, e sangre, correndo os seus dedos enlouquecidos sobre aquelas cordas. Tire forças de tudo o que se move. Mande à merda o que pode destruí-lo e descarregue com vontade empunhando a sua amada.

Só a música é o que importa. Só a música é o que importa.
Confie em seu Xamã. Ele te protegerá e guiará nesta jornada.

9.6.06

Bandini Forever

Como eu comentei no blog do Marião, não acho que este Pergunte ao Pó vá me agradar muito. Mas mesmo assim eu vou lá pra ver. A gente sempre tem a esperança de que as coisas saiam exatamente como a gente imagina [E isso pode ser surpreendente!].

Acho que se fosse para escolher um Bandini ideal não seria o meu, nem o do Marião. Talvez nem o do próprio Fante! Para mim, sem dúvida nenhuma, o Bandini mais apaixonante que eu conheci foi o da Clarah Averbuck. Vez por outra ela clamava pelo seu herói em seu extinto brazileirapreta!. Apesar de andar meio sumida, esta "nova escritora" ainda exerce uma boa influência na "blogosfera" e confesso que foi a minha principal inspiração quando criei pela primeira vez o "nada vezes nada", agora ressucitado. O seu Arturo Bandini faz a gente torcer tanto, mas tanto para que tudo dê certo que, meio sem querer, passamos a acreditar e a ter esperança em tudo o mais na vida. Porque, afinal, o sujeito sempre se fode, mas a gente nunca desiste de torcer por ele.

Vida longa ao Bandini, o nosso herói!

5.6.06

Delta Negro

Desebarcamos numa curva em meio à penumbra.
No velho umbral cada um lia o seu próprio nome.
Os cães, famintos e sedutores, nos aguardavam.
Como se aquele momento estivesse marcado há séculos.

Deleitamo-nos com o precioso líquido, enquanto
a matilha lambia o chão à queda de cada gotícula
que escapava de nossas taças.

O carcamano que me acompanhava
encontra o seu caminho dentro de uma orelha.
E um tomate bêbado o segue.

Na volta, um canário tenta iludí-los.
Mas o seu canto não é de pássaro.
E revela-se o animal rastejante.

Eu, do alto de minha indiferença,
[Medo? Inocência?] apenas observo.
Entorpeço-me like a Wander Wildner,
e costuro o caminho da volta
com os cães à nossa espreita...

1.6.06

Crônica de uma noite em fuga

De um guardanapo desdobra-se um mundo
de sorrisos hipnóticos e palavras etéreas.
Um isqueiro vermelho acende
a chama da loucura em dois guardiões solitários.
Pelas vielas, conduzem um princesa
em fuga de seu castelo, deles próprios, de si mesma.

Mas entre folhas e drops, tudo se perde.
Um beijo, um olhar.
Nada é permanente em sua ânsia insólita.

Um cavalo negro surge: escudo para a boa vontade.
E uma nova noite nasce de dentro da noite..
Dois guardiões derrotados em uma fuga sutil fazem resignados o seu nobre retorno.
Flores. Sonhos. Enganos. Reminiscências eternas.

29.5.06

Conceito Ampliado

Badeco é punk.

5.4.06

Absurdettes

Sei que isso não é novidade, mas tem horas que recebemos umas certas "iluminações" que mudam radicalmente a nossa visão sobre determinado aspecto da existência. Elas te fazem ver, por toda parte, que aquela sua "teoria" que sempre ficava pela metade agora parece milagrosamente ter se completado..
Dentro daquele lance do "absurdo camusiano" , por exemplo, me dei conta de que a realidade como a conhecemos é infinitamente mais surpreendente e criativa [sim! é claro que ela não é criativa por si mesma.] do que a mais arrojada das ficções. Para quem tem olhos de ver...

28.3.06

Um ogro que escreve?

É isso aí, pessoas. As invasões bárbaras estão só começando! Agora também nas Letras: o primeiro blog de ogro da Internet vai fazer uma revolução ou, pelo menos, uma confusão, nas suas cabeças pré-cambrianas.