24.6.06

Pra não dizer que não falei da Copa

Taí um blog que fala tudo o que a gente sempre anda falando, mas de um jeito bem divertido.
Abaixo o "comentarismo globalizado"!

19.6.06

Long Distance Call

O que há de mistério em nossas vidas deixa-nos às vezes um pouco atordoados. Como explicar que a maioria dos nossos sonhos e desejos dê em absolutamente nada? Seria preguiça? Incompetência? Ou uma simples turvação dos sentidos que inconscientemente nos impediria de alcançarmos a vida em sua máxima condição? Como entender que por mais que a gente tente e se esforce, haja tantos desencontros, tantos mal-entendidos? Seria o destino realmente essa coisa tão miseravelmente cruel e maquiavélica, zombando de todos nós, seres humanos idiotas e volúveis?

Não, meus amigos. O homem é grande demais para ser submetido a este tipo de joguete. Ele, e somente ele, é a causa de todos os seus infortúnios. Cada um cria o seu próprio inferno. E somente aquele que o criou é capaz de libertar-se dele. Mesmo que ninguém viva isolado e que seja necessário, em muitas oportunidades, o apoio daqueles que lhe cercam, é óbvio que a superação de tudo o que lhe destrói e põe para baixo passa inicialmente pela sua própria vontade.

A vontade é o que move o Mundo. É o que me move, e o que move a todos. Mas como aceitar que quando as vontades coincidam, ainda assim as coisas não aconteçam, não se apresentem da maneira como se esperava delas? Para mim a única saída é acreditar que é impossível que haja uma relação tão direta de causa e efeito entre as ações. Acreditar que os resultados de uma ação têm efeitos tão dissipados e, ao mesmo tempo, tão poderosos ao longo do tempo, que é preciso que se tenha uma convicção mágica de que tudo, absolutamente tudo, é possível!
Um desejo que não se arrefece com os obstáculos que surgem pelo caminho é a arma fundamental daqueles que obtêm grandes conquistas.
E isso se chama fé!

17.6.06

A Ponte

O meu primeiro porre foi na República da Biogênese. Este nome foi em homenagem ao meu primeiro vômito de porre, que foi no carpete da escada que levava ao banheiro da casa. Entupi o bidê com vômito. Era um predinho antigo, porque hoje em dia as casas não têm mais bidês. Gostava de ir na república pois lá moravam umas garotas muito bonitas e simpáticas. Inclusive uma italianinha de olhos verdes chamada Daniela. Fiquei a fim dela. Mas a guria não me quis. Hoje dou total razão à Dani. Porque desde o dia em que a conheci [no dia do porre] até o dia em que ela voltou para a sua cidade, vomitar em seu carpete tinha sido o meu mais grandioso feito. Além disso, eu era meio esquisito: não tomava café, ia de bicicleta para a faculdade, era atleticano, meu melhor amigo tinha um camundongo de estimação chamado Cannabis e comia cajás em sala de aula. E ainda por cima, eu nunca tinha ido à praia, nem à zona. Mesmo fazendo parte da famigerada “turma do fundão”...

Dou razão a todas as garotas que não me quiseram [E não foram poucas]. Mesmo aquelas que nunca presenciaram as minhas espetaculares golfadas pelas noites montesclarenses.
Que fase terrível foi aquela!... Foi triste descobrir-se um fracassado aos vinte e poucos anos. Não tinha emprego [dinheiro nem se fala], não tinha carro, fazia um curso por inércia, sem a mínima perspectiva; amigos contava nos dedos de uma mão. E eles se sentiam tão ou mais fracassados do que eu. No girls, no fun... E percebi que não era um gênio de futuro brilhante, mas um cara medíocre, covarde e preguiçoso. Que trancou-se em seus próprios medos e virou um estúpido clown.

Porém, um dia ela fez tudo mudar. Tudo mudar! De uma hora para outra, eu não era mais eu. Mas um outro. A supresa desta guria era a minha surpresa. De onde vinha toda aquela avalanche de sensações e descobertas? Como uma pessoa é capaz de modificar tão profundamente a vida da outra com umas poucas palavras? Dali em diante eu pude enxergar a minha real potência. E essa potência se chamava amor...
E daí a liberdade. A luz. A verdade. O movimento. O delumbramento das infinitas possibilidades: era como sair de um casulo de onde só enxergava por uma pequena fresta.. Fez-se um homem do que antes era um verme.

Mas o engraçado foi que eu não soube como demonstrar toda essa minha nova energia para a tal garota. Eu me perdi na empolgação do amor e fiz da verdade [de amar] uma arma contra mim mesmo. É que o que imaginava ser verdade [e, portanto, um dever de se mostrar] na verdade era um engano. Naquele turbilhão, o meu erro foi amar demais [e falar demais, pois muito do que pensava ser sinceridade, para ela era puro tormento].

Hoje aprendi a conter-me um pouco mais. Descobri que devo utilizar-me de uma certa perspicácia para que seja possível que se realize a minha potência. É bom moderar se não o coração, pelo menos as palavras. Acredito que agora uso-as melhor a meu favor. E nisso tenho depositado toda a minha esperança para aplacar essa eterna ausência no peito. Que consome-nos, pobres inocentes, a doses mínimas e regulares.

Dos Crentes em Além-Mundos

" [...] " [...] Da mesma maneira projetei eu também a minha ilusão mais para além da vida dos homens à semelhança de todos os crentes em além-mundos. Além dos homens, realmente? Ai! meus irmãos! Este deus que criei era obra humana e humano delírio, igual a todos os deuses. Era homem, tão-somente um fragmento de homem e de mim. Esse fantasma saía das minhas próprias cinzas e da minha própria chama, e na verdade nunca veio de outro mundo.
Que ocorreu, meus irmãos? Eu, que sofria, dominei-me; levei a minha própria cinza para a montanha; inventei para mim uma chama mais clara. E vede! O fantasma ausentou-se!
Agora eu estou curado, seria para mim um sofrimento e um tormento crer em semelhantes fantasmas. Assim falo eu aos que crêem em além-mundos. [...]

[...] Houve sempre muitos enfermos entre os que sonham e suspiram por Deus; odeiam furiosamente o que procura o conhecimento e a mais nova das virtudes, que se chama lealdade.
Olham sempre para trás, para tempos obscuros; nesse tempo, certamente, a ilusão e a fé eram outra coisa. O delírio da razão era algo divino, e a dúvida, pecado.
Conheço demasiado esses semelhantes a Deus; querem que se acredite neles e que a dúvida seja pecado. Também sei de sobra no que eles crêem mais.
Não é, certamente, em além-mundos e em gotas de sangue redentor; eles também crêem principalmente no corpo, e ao seu próprio olham como a coisa em si.
O seu corpo, porém, é coisa enfermiça e de boa vontade se livrarão dele. Por isso escutam os pregadores da morte e eles mesmos pregam os além-mundos.
Preferi, meus irmãos, a voz do corpo curado; é uma voz mais leal e mais pura. O corpo são, o corpo cheio de ângulos, retos, fala com mais lealdade, e mais pureza; fala do sentido da terra."

Assim falou Zaratustra."

12.6.06

Adiós Lounge

Descobri isso aqui por acaso, entrando em uns linquezinhos obscuros...
Lady Averbuck strikes again...

10.6.06

Recado ao Mr. Mojo

Sei que você não costuma perder tempo com estas porcarias, mas acredito que, de algum modo, esta mensagem chegará até você.

Como toda lenda, as notícias que me chegam sobre a sua figura são sempre envoltas em uma certa dubiedade respeitosa. As suas ações e palavras parecem retumbar de forma diferente e turvar a percepção daqueles que as presenciam. Às vezes me chegam aqui, na capital, notícias de teus feitos, as quais sempre ouço com respeito e atenção.

Todos que já tiveram oportunidade de te conhecer mais de perto, sabem desta energia peculiar que tem. E te reconhecem claramente como o maior talento de “nossa turma”. Opinião que você, com sábia humildade, procura não levar em consideração.
Mas, creia-nos: a gente confia muito em você, na sua potência. E temos certeza de que pode alcançar coisas grandiosas e inigualáveis!..

A sua guitarra mágica ecoa permanentemente em meus ouvidos. Não como lembrança [porque nunca a ouvi], mas como um sonho, uma promessa. Eu acredito fortemente que falta muito pouco para que os seus acordes possam alcançar [e encantar] o Mundo [Talvez estes montes não sejam claros o suficiente para refletir o seu talento]. E sei que todos os que já te ouviram também pensam assim.

Portanto, quero te pedir, bom amigo, que não permita que nada, nem ninguém te desviem deste teu caminho. Siga o exemplo do nosso velho pirata do rock e adote solenemente a guitarra como sua esposa. Durma com ela. E brinque, e trabalhe, e goze, e sangre, correndo os seus dedos enlouquecidos sobre aquelas cordas. Tire forças de tudo o que se move. Mande à merda o que pode destruí-lo e descarregue com vontade empunhando a sua amada.

Só a música é o que importa. Só a música é o que importa.
Confie em seu Xamã. Ele te protegerá e guiará nesta jornada.

9.6.06

Bandini Forever

Como eu comentei no blog do Marião, não acho que este Pergunte ao Pó vá me agradar muito. Mas mesmo assim eu vou lá pra ver. A gente sempre tem a esperança de que as coisas saiam exatamente como a gente imagina [E isso pode ser surpreendente!].

Acho que se fosse para escolher um Bandini ideal não seria o meu, nem o do Marião. Talvez nem o do próprio Fante! Para mim, sem dúvida nenhuma, o Bandini mais apaixonante que eu conheci foi o da Clarah Averbuck. Vez por outra ela clamava pelo seu herói em seu extinto brazileirapreta!. Apesar de andar meio sumida, esta "nova escritora" ainda exerce uma boa influência na "blogosfera" e confesso que foi a minha principal inspiração quando criei pela primeira vez o "nada vezes nada", agora ressucitado. O seu Arturo Bandini faz a gente torcer tanto, mas tanto para que tudo dê certo que, meio sem querer, passamos a acreditar e a ter esperança em tudo o mais na vida. Porque, afinal, o sujeito sempre se fode, mas a gente nunca desiste de torcer por ele.

Vida longa ao Bandini, o nosso herói!

5.6.06

Delta Negro

Desebarcamos numa curva em meio à penumbra.
No velho umbral cada um lia o seu próprio nome.
Os cães, famintos e sedutores, nos aguardavam.
Como se aquele momento estivesse marcado há séculos.

Deleitamo-nos com o precioso líquido, enquanto
a matilha lambia o chão à queda de cada gotícula
que escapava de nossas taças.

O carcamano que me acompanhava
encontra o seu caminho dentro de uma orelha.
E um tomate bêbado o segue.

Na volta, um canário tenta iludí-los.
Mas o seu canto não é de pássaro.
E revela-se o animal rastejante.

Eu, do alto de minha indiferença,
[Medo? Inocência?] apenas observo.
Entorpeço-me like a Wander Wildner,
e costuro o caminho da volta
com os cães à nossa espreita...

1.6.06

Crônica de uma noite em fuga

De um guardanapo desdobra-se um mundo
de sorrisos hipnóticos e palavras etéreas.
Um isqueiro vermelho acende
a chama da loucura em dois guardiões solitários.
Pelas vielas, conduzem um princesa
em fuga de seu castelo, deles próprios, de si mesma.

Mas entre folhas e drops, tudo se perde.
Um beijo, um olhar.
Nada é permanente em sua ânsia insólita.

Um cavalo negro surge: escudo para a boa vontade.
E uma nova noite nasce de dentro da noite..
Dois guardiões derrotados em uma fuga sutil fazem resignados o seu nobre retorno.
Flores. Sonhos. Enganos. Reminiscências eternas.