29.11.08

Olhai os Lírios do Campo

Rufus,

às vezes tenho vontades meio malucas, tipo a de morar num quarto-e-sala, assim como você. O que mais me remete, ainda que existam muitos outros exemplos, é ao Pergunte ao Pó de John Fante. Mas ainda fico sem saber se isso seria uma tendência que eu tenho de me deixar levar pelo encanto do underground, desconsiderando os contras dessa situação extrema, ou se eu realmente me tornei maduro* o suficiente para ver que as posses não são capazes de trazer um sentimento de realização genuína.

É uma dúvida porque eu tenho o meu apartamento, e não me sinto exatamente realizado. Ele apenas me traz uma certa paz, enquanto posse. No sentido de que é uma garantia, saca? Uma coisa a menos pra eu me preocupar... Não é exatamente orgulho que tenho ao pensar no ap. Até porque eu contribuí com uma parcela menor para a sua aquisição. É como se fosse para mim uma dádiva, não uma conquista. E, sendo assim, não há uma realização pessoal** por sua posse, apenas um sentimento de gratidão.

P.S.:
* Maduro: concordo com o Daniel Galera, aplicar a palavra maduro a djovem é extremamente desconfortável, embora no momento não tenha encontrado outra para substituí-la.
**Realização Pessoal: a minha realização com o ap acontece na medida em que eu sou capaz de conservá-lo, e essa capacidade é a exata materialização da gratidão de que falei um pouco acima.

Black Mendel
Jah love protect us.

28.11.08

Obstrução: sf (lat obstructione) 1 Ato ou efeito de obstruir. 2 Med Entupimento, obturação. 3 Med Embaraço nos vasos ou canais de um corpo animado. 4 Polít Embaraço sistemático da minoria ao andamento dos trabalhos legislativos; obstrucionismo. 5 Oposição propositada. (Dicionário Michaelis)

Moda agora entre os nossos caros representantes eleitos é obstruir: o Governo não atendeu às reivindicações de liberação de verba? A oposição obstrui a próxima votação. A situação deseja adiantar discussão de um determinado projeto em nome de sua "relevância para o país"? Obstruem-se todos os projetos predecessores enviados por oposicionistas. Discordou-se de determinado ponto de uma proposta, obstrui-se tudo...

Faz lembrar dos tempos de menino, quando o dono da bola a punha debaixo do braço, franzia a testa, mostrava o beiço e acabava com a pelada quando não era escalado para jogar "na linha".

A última é que a votação da Reforma Tributária deve mais uma vez ser adiada para o próximo ano, em razão dos "trancamentos de pauta" propiciados pelas Medidas Provisórias. Os deputados da oposição obstruirão a votação da Reforma, alegando que o excesso de medidas próvisórias em tramitação pelo Congresso atrasou a votação do Orçamento Geral da União para 2009. E esta teria prioridade sobre a votação da Reforma Tributária, cuja discussão se inviabilizaria para Dezembro em razão de sua complexidade e importância.

Como representantes do povo, eu esperava que estes senhores tivessem uma capacidade, no mínimo razoável, para a negociação. A própria etimologia da palavra parlamentar sugere esta habilidade. Não é o que se vê. O que temos são deputados e senadores reticentes e obtusos que, ao invés de contribuir para a célere resolução das grandes questões nacionais, digladiam-se obstinadamente pelo "trancamento" ou "destrancamento" de pautas. Passando, ano a ano, a legislar sobre quase nada.

Parecem, no fundo, não se importar com o conteúdo e relevância da implementação das leis que, despudoradamente, tardam em votar. Preocupam-se, sim, em não "perder terreno" para o crescimento dos adversários políticos. Optando, em tempos de hiper-valorização midiática, pelo discurso tergiversante em detrimento da ação política construtiva e eficaz.

Há poucos dias atrás, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em última instância, que o mandato parlamentar não pertence ao candidato eleito, e sim ao partido ao qual este é filiado. Cabia lembrar porém que, mais importante do que indicar a quem pertence o mandato, é considerar que o interesse primordial a ser atendido em todas as questões debatidas no Congresso Nacional é o do povo. E este princípio não pode ser, de modo algum, passivo de qualquer obstrução.

27.11.08

Brennand: Totem-Carne


Depois de três visitas e alguns dias para a necessária "absorção do impacto", ainda estou bastante impressionado com a exposição "Brennand: Uma Introdução" que aconteceu no Palácio das Artes até a semana passada. Tentei escrever sobre isso por várias vezes nesses dias, mas não tinha encontrado, até aqui, as palavras certas para explicar o poder daquelas obras. E mesmo depois de ter finalizado (desistido) (d)o texto, acho que fiquei muitíssimo aquém do meu intento.

Francisco Brennand é um artista plástico pernambucano. E, aos 81 anos, continua trabalhando em sua Oficina no bairro da Várzea em Recife, onde encontra-se também uma espécie de Museu, com mais de 1.700 peças de suas fabulosas esculturas em cerâmica.

Ao observar os desenhos, pinturas e esculturas de Brennand, entretanto, vejo um artista atemporal e que não se deixa limitar por fronteiras de orientação regionalista ou nacionalista. O mito é o seu alimento, seja ele clássico (como em Diana Caçadora), medieval (Joana D’arc), ou moderno (em Maria Antonieta). O artista colhe do trágico e do fantástico a sua carga monumental de beleza, moldando de forma surpreendente a união do sublime e do grotesco.


O que também chama a atenção em Brennand é o inegável caráter totêmico de suas esculturas. O sagrado assume-se sob formas fálicas e a sexualidade é remontada em seus primórdios: de rito, sacrifício e reprodução. O erotismo não cabe, pois a Civilização que o criou está perdida. Para Brennand, a condição do Homem, apesar de todas as suas aptidões e capacidades intelectuais, é de um fatalismo inescapável. E a fusão brutalidade/harmonia que resulta de suas espantosas obras é reflexo contudente do destino grandioso e terrível que vem sendo traçado por nós, Humanos, desde os tempos mais remotos até a nossa prevísivel e, no entender de Brennand, breve extinção.

20.11.08

Don't Look Back

Comprei um DVD recentemente chamado "Don't Look Back". É um documentário feito pelo diretor americano D.A. Pennebaker em 1965. Registra o que seria a última turnê acústica de Bob Dylan na Inglaterra (e um prólogo da radical virada da sua carreira, marcada pelo clássico álbum Highway 61 Revisited). E se eu pudesse resumir o filme em uma palavra diria: foda!

Começando por Pennebaker: o cara é considerado uma lenda entre os documentaristas, um dos pioneiros do chamado "cinema direto". Desenvolvido a partir das inovações tecnológicas da época, que deram uma maior liberdade de movimentação à câmera, tinha como ideário a não-interveção ou, pelo menos, uma mínima intervenção do diretor durante as filmagens. Estratégia que hoje, quatro décadas depois, ainda é utilizada (e comercializada com pompa e circunstância) por diretores "da moda" como Fernando Meirelles, João Moreira Salles e cia.

No documentário encontro Bob Dylan em um dos principais momentos de sua carreira. Acompanhado na turnê por Joan Baez e alguns integrantes do Animals, vemos o artista, è época com 24 anos e somente 3 de carreira, já aclamado com um gênio musical e pulsando com uma energia devastadora!

Seja em sua verborragia sarcástica com os jornalistas, em seus momentos de concentração/distração/inspiração diante da máquina de escrever, ou mandando ver em cima do palco com seu violão e gaita indefectíveis, o que vi foi um artista em sua essência: uma torrente hiper-expressiva de idéas e atitudes, metralhando velhos conceitos e inspirando novas formas de ver e retratar o mundo. "Don't Look Back" produz, meio sem querer, tanto a desmistificação de um astro ascendente, revelando o seu egocentrismo, arrogância e distanciamento, quanto a sua (re)criação, dando-nos a chance de observar Bob Dylan em toda a sua inquietude, energia criadora, em sua incrível inteligência e poder persuasivo, tanto dentro quanto fora dos palcos. Características que o distinguem ainda hoje como um dos grandes nomes do rock atual e da música de todos os tempos.

"Don't Look Back" é um documentário clássico de um diretor clássico, sobre um artista genial em um momento único de sua carreira. Ou seja, imperdível!

12.11.08

Not Adaptable

My world, excuse me, but you ain't quite adaptable to me.
I know that the're such a good things that you provide me, but, fuck! What's your problem with the poors, the honest people? Whose that ain't want to fuck anybody?
Just live your lives...

What are you became so hard, so complex, so uncomfortable, so weird?
People suffering! Innocents! Innocentes, do you know?
I don't know what do with you. I really don't know!
If you had a face, I'll bit on it until bleed...
Why do you leave these dirty Men dominates?
What kind of idiot would allow something like this?

3.11.08

Concept Four

I'm a young guy. Obviously, I still lack experience in many situations. I've tried to be attentive to every opportunity of Learning, and tried to reap the maximum of each experience.

To the extent that I take contact with the great men, with his ideas and, mostly, his attitudes, a value that has been revealed more and more important to me is the perseverance.

Some call it determinantion, others discipline, willpower, but I particularly associate it to faith. A man that at no time doubted of his magnanimity, his moral force, his ability to achieve his purposes, to this man I call persevering. The faith that he has in himself is like a rock. In each obstacle, each difficulty, in most terrible conditions, his faith ans obstination never let him out of the rails.

However, the persevering man is also humble. He knows of his greatness, and demonstrates it trough his work, leaving for fools the empty self-promotion. The result of their work is the biggest and best propellant for their achievements. And often, his victory means that other anonymous persons feel in that man the reflection of their own greatness.