6.12.08

Catoblepas

Eu sempre acreditei nos meus sonhos. Que eles, por algum viés desconhecido, retratariam, sob certos aspectos, o que poderia ser o meu futuro.

O sonho em si é atemporal. Colhe elementos de todas as épocas e os embaralha de um modo especialmente estranho. Por vezes sonhei com pessoas e lugares que só conheceria anos depois. E estou certo de que isso não é uma ocorrência restrita a mim. Provavelmente você também já constatou o mesmo em algum momento de sua vida.

Entendo que as possibilidades do sonho são infinitas, mas elas decorrem diretamente das ações presentes. As decisões que tomo, as mínimas decisões, afetam todo o desenrolar das possibilidades oníricas. E eu acho que é justamente aí onde reside toda a sua riqueza.

O paradoxo dessa concepção é de que a constituição do meu ser é um processo simultaneamente autofágico e sinérgico. O meu “Eu futuro” alimenta-se das ações do meu “Eu presente”. E, posto que cada uma das minhas ações (decisões) admite, no mínimo, duas possibilidades, a da ação e a da não-ação, a soma da sequência dessas próprias ações é incalculável porque, a cada decisão minha, afetam-se todas as ações seguintes. Tornando o processo (o sonho), desta forma, uma sinergia em espiral tendendo ao infinito.

O que faz dos meus sonhos um Universo.
E, de mim, um Caminho.
Catoblepas!

2 comentários:

Lekso disse...

A suposta premonição onírica não poderia ser apenas um déjà vu?

Unknown disse...

Talvez sim, talvez não...