13.1.09

O Doutor e o Inseto

Sexta-feira. Eu estava lavando o meu rosto na pia do banheiro, quando senti um leve roçar por entre os dedos do meu pé esquerdo. Em meio segundo conclui que aquilo só poderia ser uma barata trançando sobre o tapete. Nesse instante, dei um passo rápido para trás. Esse movimento certamente a assustou porque quando dobrei os joelhos para ver aonde a danada estava, não a encontrei. Passei a vista, então, por todo o banheiro. Dei outro passo para trás, uma olhada mais minuciosa e nada. Acendi a luz do quarto ao lado: niente... Quando, de repente, vi algo subindo pelo marco da porta. Pronto. Lá estava ela.

Logo fui buscar o inseticida no armarinho da área de serviço. Com a experiência adquirida em exterminar las cucarachas para a minha mãe e as minhas irmãs, sabia que ela provavelmente estaria no mesmo lugar quando eu voltasse. Assim foi. Posicionei então o aerosol a uns dois palmos da bicha e apertei o botão. É um método bastante eficiente. Obviamente que a espertinha tenta fugir, mas basta acompanhar a andança dela com o dedo colado no spray da lata. Em menos de 6 segundos ela desiste e cai, agitando desesperadamente as patas para cima. Daí vem o golpe final, com uma havaianada esmagadora. A gosma branca que sai de suas entranhas decreta o seu fim. Recolho a finada e jogo-a no lixo. Tá feito o "selviço"...

Mas o que eu queria, na verdade, era contar de um episódio que aconteceu com o Edmundo: estávamos um dia num boteco, que eu não me lembro qual é. Só sei que não era o Lua Nova, porque lembro de estarmos numa calçada ao ar livre.

Num determinado momento, reparei que, de uma mesa ao lado da nossa, veio caminhando sorrateiramente o inseto supra-citado. Não pude deixar de espiar o roteiro que ele fazia. E assim, ao ver que eu não estava prestando atenção na conversa, o Doutor voltou os olhos para trás e viu o que eu estava acompanhando. Imediatamente, ele torceu o corpo e catou a barata entre os seus dedos. Daí extendeu o braço na minha direção e ficou chacoalhando a barata a dois palmos da minha cara e dizendo "É com isso que você está preocupado? Isso é só um inseto, caralho! É só um inseto!" Juro que achei que o Doutor iria atirá-la em cima do meu nariz, ou então partí-la ao meio com os dentes. Mas ele apenas continuou segurando a coitada por alguns instantes, virando-a pra lá e pra cá, observando o casco marrom-escuro e as patas que se agitavam freneticamente, enquanto recitava os primeiros versos de "Bichos Escrotos". Acho que se pudéssemos ouvir a barata naquele instante, ela estaria vociferando: "Me larga, seu covarde! Vai procurar alguém do teu tamanho!". Após a "sessão titânica", o Ed, com cuidado quase solene, soltou a desesperada barata no chão novamente. Depois disso, continuou a prosear, a beber e a comer como se nada tivesse acontecido.

O que me ocorreu foi que, às vezes, o Edmundo costuma chupar os dedos depois de comer algum petisco gorduroso servido, já que ele não é muito afeito a estas "frescuras" de usar palito ou garfo em botecos. Não me lembro se ele chegou a fazer isto naquela noite. É bem provável que sim. Mas, ainda bem, a minha memória apagou esta parte da história...

Quanto à barata, a bichinha sumiu de vista da nossa mesa como um raio! Certamente, ela deve ter pensado sobre o Ed algo semelhante ao que eu pensei: "Que cara louco!"...

3 comentários:

Anônimo disse...

BOM ANTE DE TUDO EDMUNDO SOU EU...

E QUERO DIZER QUE NÃO ME LEMBRO SE LAMBI DEDOS NESSE DIA...

DEVO DIZER TAMBÉM QUE NÃO ME LEMBRO DESTE DIA, OU MELHOR... NÃO ME LEMBRO DE ASSIM TER PROCEDIDO...

ENFIM

MAS SE ISSO ACONTECEU REALMENTE, MINHA IMPRESSÃO É QUE TENHA SIDO NO BANZAI (O DA AUGUSTO DE LIMA)

E REALMENTE PODE TER ACONTECIDO...

E NESSE CASO NÃO TERIA EU LAMBIDO OS DEDOS, POIS NÃO É (NEM NUNCA FOI) USUAL DE MINHA PARTE CONSUMIR TIRA-GOSTOS NAQUELE LUGAR...

E ISSO AÍ

Mendelson disse...

Caso tenha sido no Banzai, obviamente que a culpa não foi do jiló...

E nem da barata, seja no Banzai ou em outro boteco qualquer.

Acho que nesse dia o Chucrute também estava. E o Redão estava com aquela jaqueta cor de abóbora dele.

Lekso disse...

Se a sobrevivente tiver acesso à internet e encontrar teu blog, concluirá que muito louco também é o cara que estava do outro lado!

Excelente postagem, rapaz!