19.4.07

Segue em Paz

Quando uma dia quiseres partir,
não deixes que o silêncio
anuncie isto por ti.

Os teus olhos já sentenciam
a vontade iminente.
E o coração sufocado em lamentos,
por não quereres ferir-me.

Mas quanto tempo levei
para perceber das tuas intenções!
Tantas indas e vindas!
Tua angústia postergada;
minhas interrogações multiplicadas...

Saiba, senhora, que
se a palavra fere,
também apazigua.
E se te calas, isto
não subtrai o teu penar.
Pelo contrário, afia-lhe mais
a impiedosa lâmina.

Não te preocupes, portanto.
Meu coração está vazio...
Apesar dos teus encantos,
tu jamais o preencheste.
Pois também eu, desde o princípio,
soube que era efêmera esta chama.

Falo-te, antes por apreço
que por necessidade:
Cede ao ímpeto dos teus pés,
que já apontam para outro Norte.
Nada me deves, a não ser
tua verdade errante e leve.

6 comentários:

Lucas Nascimento disse...

Muito bom, uma das 1001 formas de amar. O amor segue em muitas ocasioãoes e despedidas, e a cada amor, um diferente vazio a ser preenchido, entendido, e se preciso enterrado!

Unknown disse...

Eu vi, apesar da despedida, beleza, leveza e paz. Só vc pra juntar as coisas assim!
Bjos

katine walmrath disse...

Achei lindo: "Nada me deves, a não ser tua verdade errante e leve." Perfeito.

Anônimo disse...

Lindo texto!
Apesar de triste...

Ao ler este poema, senti no fundo da alma às suas palavras. E o sentir, vale mais do que palavras, que ao certo, não sei se eu saberia colocar aqui!

Beijo;
Amelinha

Lekso disse...

Tocante...

Moisés disse...

Cara, Juro pra vc que este tá do nível de Dylan