17.12.09

As Melhores Faixas de 2009 (segundo o Ogro)




1. Always Like This - Bombay Bycicle Club

2. Cult Logic - Miike Snow

3. Two Weeks - Grizzly Bear

4. Comets - Fanfarlo

5. Auditorium - Mos Def

6. Cold Spring - Cymbals Eat Guitars

7. Lisztomania - Phoenix

8. Dragon's Lair - Sunset Rubdown

9. Combination Pizza Hut and Tacco Bell - Das Racist

10. Red Tide - Neko Case

29.9.09

Setembro


Poxa, ando bem ocupado ultimamente! Não gosto de ficar muito tempo sem postar, mas é que, realmente, não tem me sobrado muito tempo... Tanto no trabalho, quanto em casa, quanto fora, este mês foi bastante agitado.

De bom, posso dizer que tenho me divertido, que tenho aprendido muito, que estou cada vez mais animado com as novas perspectivas que estão surgindo, e que, por fim, sinto que sou, de fato, uma nova pessoa.

Viagem, cinema, festivais, museus, leituras... Setembro foi bastante prolífico! E tudo me enriqueceu, de alguma forma... Primeiro, Diamantina. Cidade da minha mãe, e que eu só pude conhecer agora, na companhia de ma chérie. Fez-me muito bem. Também vi alguns filmes bacanas, destacando aqui Up - Altas Aventuras, que, pra ficar no óbvio, é lindo! E Down By Law, do Jarmusch, que é um filme com aquela estranheza e aquele humor típicos dele mesmo...

E muito jazz! Primeiro em Ouro Preto, onde ouvi a voz encantadora de Madeleine Peyroux, acompanhada da surpreendente Mart'nália. Show que, infelizmente, foi um pouco prejudicado pelo som, que estava muito baixo.. E, em seguida, no Festival I Love Jazz, aqui em BH, onde os ritmos tradicionais dos anos 20, 30 e 40 tomaram conta. E foi muito muito bom!

Ainda, três exposições imperdíveis: Vik Muniz, no Museu Inimá de Paula. E Marc Chagall e Rodin, simultaneamente, na Casa Fiat. Arte de primeira, daquelas que deixam a gente maravilhado, com o espírito elevado e a cabeça a mil!...

Além da retomada das leituras, que me deixou muito satisfeito... Dois livros concluídos: A Desobediência Civil e Outros Escritos de Henry Thoreau, que me fez pensar como pode um país como os EUA produzir um cara tão avesso ao american way of life, que eles tanto prezam, e ainda assim ser considerado um clássico? E depois, O Som e A Fúria, de Faulkner, que é aquela coisa, ao mesmo tempo, simples demais e complexa demais. Um livro para se aprofundar no futuro. Mas que é de uma beleza, assim, indefinível...

Por fim, a eminência da coisa coisando... em mim... e que é, no frigir dos ovos, o que está havendo de mais significativo nessa brincadeira toda... Vamos seguindo então, rumo à vida plena...

Ao futuro!

28.8.09

Faulkner e seus meandros

Primeiro li Palmeiras Selvagens. Agora estou lendo O Som e A Fúria. Mas ainda estou por descobrir os caminhos de Faulkner. Aparentemente, a leitura não é complicada. Ele não usa um vocabulário muito empolado. Só que a simplicidade pára por aí. A estrutura do texto te entorta inteirinho! Os meandros de Faulkner são meio inextrincáveis. Os acontecimentos se misturam sem uma ordem muito clara. É uma literatura líquida, sabe...

As histórias parecem corriqueiras. Mas só parecem. Você sabe que ele não põe uma vírgula gratuitamente. E a gente fica numa tentativa de desvendar o que há por trás de cada diálogo, de cada fato ou fatalidade... Sabe quando nos perguntamos assim: “Por que Deus permite que esse tipo de coisa aconteça?”. Com Faulkner seria: “Por que ele permite que eu saiba esses pormenores e esconde outros?” No fim, fica a mesma sensação com ambos: o que esse cara está tentando me dizer???

Acredito que quando eu chegar lá, pode ser uma grande revelação. Acho que o grande barato de Faulkner era botar essa pulga atrás da orelha de cada leitor. Deixar ele inquieto. Desconfiado. Como se quisesse mostrar que as aparências sempre, sempre, sempre enganam. E que há algo misteriosamente maior por trás de cada banal acontecimento.

14.8.09

Era um vez um homem que encontrou uma chave perdida em suas entranhas

Um espírito me tomou na última terça-feira. Ando tendo vertigens. E aquele tique nas pernas ao sentar. Como se fosse um telegrafista maneta... Tenho visões do futuro. Estalo os dedos. Canto. Assobio. Falo sozinho. Palavrões. Muitos palavrões. E fico saltitando. Elétrico e inalcançável. Como os grandes: Sugar Ray, Ali, De La Hoya...

A minhão visão embaça e desembaça a cada vinte segundos. Rio das minhas próprias frases. E as lágrimas me correm com frequência. Uma comoção tremenda de não sei o quê... Mas é bom! Riso e choro ao mesmo tempo.

Me olho no espelho. Vejo um chimpanzé. Um poeta. Um bandeirante. Acho que nunca tinha realmente me visto no espelho antes. Deixei de ser vampiro. Agora sou o Sol. E o meu dia amanhece. Cada minúscula fresta recebe a minha luz. E vou desvirginando, enfim, a minha América particular.

Sou pedra, pássaro e riacho. Eu sou o som e a ausência. Bile e sinapse. Meus dedos apontam para o alto, meus olhos alimentam-se de indolência e velocidade, e o meu coração faz tremer toda a terra.

17.7.09

Veckatimest


Depois de uma certa idade, a gente começa e ficar meio chato com tudo. A experiência [qualquer que seja] leva-nos a adotar uma postura mais seletiva para cada aspecto de nossa vida. Por mais que impressões da Infância permaneçam fortes, a nossa enorme capacidade de absorção de informações faz com que, a partir de uma certa altura, o descarte apressado do que não nos interessa torne-se uma ação mais do que rotineira.

Há alguns obtusos ainda que se negam a sair de seus conceitozinhos mal-ajambrados, limitando a sua inata curiosidade até quase sufoca-la por completo. Para esses infelizes, ou nada de novo acontece, ou nada do que é novo presta. Saudosistas rancorosos da juventude perdida, não são capazes de ver que o mundo continua pulsando, e coisas boas e novas pipocam a todo instante.

Não faço apologia da modernidade, apenas tento viver o meu tempo. Interesso-me por ele, porque é nele que ajo. E gosto de ver que há milhares e milhares de outras pessoas que também estão vivendo as suas aventuras, os seus projetos, sonhos e dificuldades. Sem se preocupar muito com o que já foi...

Essa introdução enorme é para falar de uma coisa nova que descobri neste mês. Que me fez ver [de novo] as infinitas possibilidades que a Arte representa. Foi um disco [com o perdão da anacronia] que ouvi e me causou uma gostosa empolgação. O seu nome é Veckatimest. E quem o “cometeu” foi uma bandinha chamada Grizzly Bear. Bandinha, no caso, é apelido carinhoso, pois os caras fizeram um serviço de gente grande! Com 12 faixas sublimes, Veckatimest deixa na gente aquela sensação de elevação que só as verdadeiras obras-primas são capazes de proporcionar.

E o mais legal é que, ao que parece, esse álbum não deve ser um exemplo isolado. Acho que a Revolução da Internet no campo da distribuição musical está a ponto de fazer também uma revolução na criação musical! A facilidade de acesso e a democratização da produção estão criando uma legião de ouvintes melhores e, assim, consequentemente, músicos com bagagem sonora mais rica e diversificada. Foram raros os períodos da Música em que uma safra tão numerosa de bons artistas estivesse produzindo a todo vapor como agora.

O caldeirão cultural do compartilhamento de arquivos iniciado com o falecido Napster, começa agora, no fim da década, a “engrossar o caldo” [como diria o Caetano] e a render obras que são para, no mínimo, prestar-se muita atenção. Que é fã de Música de qualidade não perde por esperar [e pesquisar], porque há indícios de que está surgindo uma nova era de ouro dos grandes álbuns. Era que, pelo menos para mim, foi inaugurada com este brilhante Veckatimest, desta “bandinha” aí, o Grizzly Bear...

E viva a ousadia!

10.7.09

Sem Dono

Frequentemente, a gente usa umas palavras meio inadequadas para expressar as nossas idéias. O que gera, com certeza, muitos mal-entendidos e “estranhamentos” entre as pessoas de nosso convívio.

É bom ter amigos que te compreendem, mesmo quando não encontramos a palavra ideal, a frase ideal para dizermos o que andamos pensando. Muitas vezes, esses amigos até “traduzem”, nas palavras corretas, o que estávamos tentando dizer, mas não conseguíamos.

Outro dia estava com o Mocha no Belvedere. Ficamos alguns minutos de lá do alto, observando as luzes de Belo Horizonte. E eu disse a ele que, para mim, esta cidade tinha alguns donos: Miltão, Roberto Drummond, Lô, Fernando Sabino... E que, um dia, eu também seria um deles. O Mocha sorriu, e me deu apoio. E eu senti que ele não concordava muito bem com o que eu tinha dito, mas entendeu qual foi a minha intenção naquela, aparentemente, pretensiosa fala.

Depois fiquei refletindo, ao som do Lou Reed no carro, que eu tinha me equivocado um pouco. Não existe nenhum dono de BH. A cidade é de todos... E esse é talvez o grande barato das metrópoles. Elas são grandes demais, e diversas demais, para que alguém se aposse delas.

Na verdade, talvez se dê até o contrário. Eu, por exemplo, acho que embora o Milton more há muitos anos no Rio de Janeiro, ele nunca vai deixar de ser daqui. O Daniel Galera sempre será portalegrense. E Cortázar sempre foi portenho, apesar de nunca mais ter retornado a Buenos Aires depois do exílio. O lugar se entranha na gente. A força da terra é maior do que qualquer Gravidade. A palavra fenotipia é a que me ocorre nessas horas...

Então, temos que me expressei mal para o Mocha. Aqueles caras que citei no início do texto seriam antes intérpretes do que donos da cidade. De alguma forma, eles ajudaram a compreendermos melhor este lugar. Deram a nós um novo olhar sobre BH. E, às vezes até, formaram uma parte do nosso inconsciente coletivo. Eu, por exemplo, sempre sinto algo diferente quando passo pela Rua Ramalhete. Sem dúvida que isso não ocorreria, não fosse a maravilhosa canção do Tavito...

Não quero ser dono de nada. A minha vontade é de simplesmente deixar registrado o meu olhar sobre as coisas. E sei que tenho sensibilidade suficiente para alcançar o coração das pessoas se me propuser a isso. Sinto que tenho que levar Belo Horizonte, levar Minas Gerais para o mundo. De um jeito novo. De um jeito só meu de expressar, mas que todo mundo pudesse compreender e sentir.

2.7.09

Gregor & The Millenium Bugs

Eu besouro,
Tu vespas,
Ele barata,

Nós formigamos,
Vós borboletais,
Eles moscam.

29.3.09

An Ogro Way

Eu tenho sentido uma vontade estranha de me isolar de tudo ultimamente. Estranha porque ando bastante feliz por esses últimos meses. As coisas estão caminhando, sob a proteção de Jah. E não há nada sério do que possa reclamar no momento. Mas, mesmo assim, a todo instante me vem uma voz que sopra em meus ouvidos que “A hora está chegando...”. E, com um aperto no peito, concordo com ela, num misto de medo e excitação.

De certa forma, já tenho me isolado aos pouquinhos. Consciente ou inconscientemente, ando voltado para dentro. Escavando perguntas, medos e contradições em meu espírito. Em busca de respostas, luzes e libertação...

É uma tarefa às vezes repugnante e, às vezes, sublime. As descobertas, quase sempre, surpreendentes, me dão mais força para revirar os meus escombros e sedimentos, em busca daquele velho e encardido espelho enterrado no dia de minha primeira morte.

Aos que me cercam e guardam em seu coração, peço que não se preocupem. Por mais léguas que caminhe, por mais mares que navegue, por mais desertos que atravesse, vocês sempre estarão comigo. Não sei por onde irei, só sei aonde quero chegar. E quando eu estiver lá, no cume da colina dourada, acenarei a todos, com o meu sorriso mais radiante e acolhedor e direi: “Este é meu último passo, e também o primeiro. A minha história começa aqui e agora...”

28.3.09

Just a Fest



O que dizer? O que dizer?... 3 shows onde qualquer adjetivo é pouco, pouco para o que se viu ali... Eu não esquecerei jamais!...

11.3.09

Série Fotografias n° 2


Tiradentes - Minas Gerais

10.3.09

Objetos

Desde que me mudei para o meu atual apartamento comecei a desenvolver uma relação especial com os objetos. A situação de ter um lugar que é meu, fez com que me afeiçoasse, indiretamente, à tudo o que está dentro dele.

Só que não é um tipo de afeição relacionado primordialmente à posse. Acho que o que mais me chama atenção é a utilidade de cada um dos objetos, e depois a sua beleza. Não existe um orgulho de posse, até porque não possuo nada de grande valor monetário. Apenas fico feliz com as minhas escolhas. É lugar comum que a gente dá mais valor às coisas que pagamos do nosso próprio bolso. Tudo bem, não discordo. Mas é mais que isso....

Em outras palavras, os novos objetos que vou adquirindo não estão lá por acaso. Eu, por meu critério e gosto, decidi que eles deveriam estar na minha casa. E isso cria um outro tipo de valor: um valor sentimental...

O outro lado da história, é que vejo que as minhas escolhas também fazem com que eu tenha responsabilidades. Aqueles adoráveis objetos que me servem de alguma forma (pela sua utilidade prática ou por sua beleza) também “exigem” uma contra-partida. E o que eles querem? Como eu, como você, como todo mundo, eles querem atenção....

Quanto mais presto atenção nas coisas que me cercam, vejo o quanto preciso cuidar delas. É essa a contra-partida. Os objetos também desejam ser bem cuidados. Se eu quero, por exemplo, uma determinada panela e a compro, ela vai exigir que eu a mantenha em perfeitas condições para que cozinhe bem para mim. Se eu quero me sentar confortavelmente em meu sofá, será necessário que eu o limpe diariamente e esteja atento à sua manutenção, caso seja necessário (algum reparo da estrutura, ou troca do estofado, etc.) E é ele, o sofá, que exigirá isso de mim... É como se a lei de ação e reação estivesse sendo aplicada sobre todas as coisas, sobre cada pequena coisa, 24 horas por dia...

Cada objeto tem a sua vida própria. E é preciso que nós o mantenhamos “vivo”. De que adianta um saca-rolhas para quem não bebe, um tênis perdido no fundo do armário, um rádio que nunca é ligado? O saca-rolhas quer sacar rolhas. O tênis quer “ser tênis”. Ou seja, quer que alguém ande com ele nos pés. E o rádio, quer que alguém gire ou aperte os seus botões e se alegre com as músicas que é capaz de reproduzir.

Uma casa onde tudo fica guardado é uma casa meio morta. Ela tem o ar pesado e lá a vida se arrasta. Este é um dos motivos pelos quais penso que acumular coisas não é algo muito legal. Se acho que preciso de novos interruptores, não vou entulhar os usados dentro de uma caixa, para abri-la daqui a dez anos e saber que tenho interruptores usados para alguma eventualidade. Acho que isto é uma certa forma de avareza. De apêgo demasiado. Se não preciso de algo, certamente há alguém que necessita. E, não vejo problema em jogar coisas “usáveis” no lixo, porque sei que serão aproveitadas por um outro.

Não quero com isso dizer que sou adepto do desperdício e da descartabilidade. Gosto de coisas que durem, que tenham uma boa qualidade e que cumpram o seu “papel”. Por outro lado, meu dinheiro, infelizmente, não brota no quintal. Então, não acho certo deixar que as coisas fiquem abandonadas e entulhadas dentro de minha própria casa. Acho um desrespeito para com elas e sinto que elas acham o mesmo.

Cada célula, de cada minúscula cabeça de alfinete, de cada linha costurada, de cada gota de tinta... Para mim, tudo está vivo... E assim tenho sentido o pulsar do Universo em cada canto onde ponho os meus olhos. Não me vejo como um ser superior, um homem que domina a Natureza, que domina o seu ambiente. Eu me vejo com alguém que participa de tudo e vive pequenas descobertas e incríveis interações, em todo lugar e a todo momento.

7.3.09

Conquistas

Recentemente tenho percebido que ando mais disciplinado para realizar as minhas coisas. É algo que persigo desde que me entendo por gente. Desde muito menino, já sabia que nenhuma conquista seria fruto do acaso. Nunca acreditei muito nessa história de “Destino”. O meu destino para mim é a minha vontade. Quanto mais determinado estiver a alcançar algo, sei que as possibilidades de chegar a este objetivo irão aumentar na mesma proporção.

Não sei explicar muito bem porque só agora venho conseguindo esta disciplina necessária. Tenho algumas teorias, mas não passam disso: teorias... O importante é que está acontecendo, finalmente. Espero que não seja uma animação passageira. Mas sinto-me disposto como nunca! E tenho certeza que, desta maneira, grandes vitórias poderão vir a surgir.

Já conquistei muitas coisas em minha vida. Coisas simples, que muita gente nem dá importância. Como, por exemplo, a oportunidade de me comunicar com as pessoas. Durante a maior parte da minha vida fui uma pessoa bastante fechada, introvertida. E, até hoje, ainda sou de falar pouco. Mas já não sinto grandes entraves em trocar uma idéia com quem quer que seja. Isso tem sido até um dos meus maiores prazeres ultimamente. Fico bastante feliz em saber que há muitas pessoas que me querem bem e se contentam com a minha companhia. Para quem passou toda a infância sem ter alguém com quem realmente pudesse se abrir, essa acolhida recente é uma maravilha!

Por essas, e por muitas outras, sou grato a todos os que me ajudaram e me ajudam no dia-a-dia. Espero retribuir da melhor maneira possível. Meu aprendizado foi lento, mas houveram pessoas que realmente se importaram comigo, e me fizeram dar importantes passos. À Jah, que ando sentindo cada vez mais presente, uma especial gratidão...

Acho que talvez seja a Fé a causa fundamental desta minha evolução. Refiro-me a Jah, mas não me importa qualquer doutrina. Não me importa um nome. E, possivelmente, nem importa que haja um personificação etérea para esta minha crença. Na verdade, eu creio em uma luz que há dentro de mim. E acredito também que esta luz é a mesma para todos. Cada um tem a luz dentro de si. Que ilumina o seu próprio caminho. E, estou cada dia mais certo de que ela brilha tão mais fortemente, quanto mais se tenha fé de que ela pode se manifestar em toda a sua plenitude dentro de cada um de nós.

6.3.09

De Volta à Casa

Então... Retomei, esta semana, as aulas na Casa dos Quadrinhos, depois de um ano ausente.

É um lugar onde a gente se sente muito bem. A infra-estrutura é muito boa, o clima é agradável e, o mais importante, os profissionais são excelentes!

Em todos os módulos que fiz, aprendi bastante! E agora começo o de "Pintura e Ilustração" com o Prof. Cotrim. A primeira aula foi bastante animadora! Acho que vou evoluir bem neste semestre.

Daqui a algum tempo, com a ajuda de Jah, vou ficar realmente bom nesse trem de Arte!...

28.2.09

Bem-Te-Vi

Uma manhã dourada entra pela janela. Tomo o meu café, ouvindo um velha gaita estradeira. Lembro-me de um amigo distante. Um bem-te-vi pousa nos galhos da árvore de fronte. E com voz suave, me secreta:

Eu sou a Morte. Se lhe pareço um pássaro, é que o seu espírito está leve. Assim percebes que a plenitude da Vida reserva o simples e o insólito. Não te preocupes, pois a chama do Amor que te arde no peito, fará com que ainda alces grandes vôos. Muito além dos meus...

Pulou para um outro galho mais acima. Fitou-me novamente e bateu asas... Até qualquer dia... Hallelujah! Foi a última coisa que me disse, já sumindo, rumo ao horizonte. E eu, sereno, respondi, erguendo a mão e sorrindo: Hallelujah!

Vontade minimalista

Eu quero querer menos.

27.2.09

Eu, andarilho

Sigo subindo pelas montanhas. O caminho é acidentado e íngreme. Por muito tempo me perdi olhando para o chão, para que não tropeçasse pelas pedras no caminho. Mas agora aprendi a olhar para o alto e a contemplar toda a paisagem à minha frente.

Ainda aprendo com o Sol, com as folhas, com as águas e com os pássaros. Eles serão os meus companheiros de viagem.

Há, por certo, muito caminho a percorrer. Porém, cada passo será lembrado, e cada alvorecer será compartilhado. Com a palavra em solene descanso e o coração folgado em êxtase.

Os ventos soprarão em meus ouvidos cânticos de glória. Os meus passos serão firmes. E estarei a assobiar velhas canções, sorrindo para as rochas e cada dia mais próximo da Luz.

13.2.09

Fim de Noite

Na primeira vez que levei a gatinha ao cinema fomos assistir ao filme Paris, Eu Te Amo. Era Setembro. A noite estava agradável e após a sessão, caminhamos um pouco e tomamos um sorvete. A conversa foi agradabilíssima e nessa noite tive a certeza de que ela era a garota mais bacana que eu poderia ter encontrado no lugar onde trabalho. E essa sorte, eu não poderia deixar escapar. Como não deixei. Mas naquela noite, especificamente, não rolou nada entre nós.

Naquela época ainda não tinha comprado o meu Bandini, por isso voltamos de ônibus até onde ela morava, no Sagrada Família. Já passava das dez e, embora eu realmente quisesse, não pude me demorar muito, pois sabia que, nesse horário, os ônibus demoravam a passar. Então, nos despedimos rapidamente com um abraço na entrada do prédio onde ela morava.

Depois tive de andar alguns quarteirões até o ponto onde pegaria o meu ônibus, o 9211, lá na Av. Silviano Brandão. No caminho, mandei uma mensagem, via celular, agradecendo a gatinha pela ótima noite. Ao que ela me respondeu, pronta e delicadamente, também agradecendo.

Chegando ao ponto, enfim, por volta das dez e meia, comecei a aguardar o balaio. Assistindo, encostado ao poste, os últimos transeuntes passarem. Carros, ônibus voltando para os bairros com os trabalhadores e seus rostos cansados. Alguns casais, estudantes, chegavam e saíam do ponto. E eu lá, aguardando...

Onze horas, nada. Onze e quinze, nada. Onze e meia, nada... A essa altura, já estava sentado junto à porta cerrada de uma loja que ficava bem em frente. E lá fiquei na minha longa espera, enquanto divagava e devaneiava com as coisas da vida...

Lá pelas tantas, quase meia-noite, veio caminhando um garoto. Parecia ter uns treze, quatorza anos, no máximo. Era magro. Trajava apenas uma camisa de malha, bermuda e chinelos. Logo pensei tratar-se de um trombadinha. Mas permaneci impassível. Chegando ao ponto, veio em minha direção e perguntou: Moço, tem um real pra me dar? Ô, num tenho não. Respondi balançando a cabeça. Nem uma moedinha? Não. Repliquei.

Perguntou então se podia se sentar. Com um leve gesto com a cabeça, permiti. Ficou assim a uns três palmos de mim... Tá esperando o “ônus”? Sim. Qual? 9211... O senhor mora por aqui? Não. Mora aonde? Já com um certo incômodo, falei que não responderia a essa pergunta. Ficou então calado por um minuto e depois mudou o rumo da conversa: Moço, (arredou-se um pouco para o meu lado) o senhor é tão bonito! Eu nada disse. Ele ficou me olhando... Posso te dizer uma coisa? Calei, fitando a rua deserta. Estou com uma vontade de dar o cu hoje... Assustei-me pela primeira vez: Ah é? Mas não é comigo que você vai conseguir isso, não! Oh moço, por favor, eu nem te cobro nada. Não! Já mais grossamente, retruquei. O senhor já provou? Não, nem quero provar. Ô moço, é tão gostoso!... Escuta aqui, você não vê que não vai conseguir o quer comigo! É bom procurar outro! Ele não desistiu: E se eu desse uma chupadinha no seu pau? Cara, vai embora! Ele deve ser enorme! Não é da sua conta, garoto! Já disse pra ir embora, não vai conseguir nada comigo!...

Quem me conhece sabe que é praticamente impossível me tirar do sério, mas aquele moleque conseguiu. Já estava pensando se seria necessário “partir pra ignorância” se ele continuasse com aquela amolação. Mas ele parou. E fez um falsa cara de choro que não me comoveu. Daí fez-se um silêncio. Mas permaneci incomodado com aquela situação, com aquele menino do meu lado...

Enfim, à meia-noite e dez, quase duas horas depois de eu ter chegado ao ponto, veio vindo o meu ônibus. Levantei-me então, aliviado. Dei sinal, o menino perguntou com voz triste: Já vai? É o meu ônibus. Tchau! Tchau, respondi sem pensar. E entrei... Paguei a passagem e sentei no ônibus vazio. Com a cabeça encostada na janela, ofeguei. E fui acompanhando, pelas ruas onde o balaio passava, os estranhos seres da noite de Belo Horizonte...

12.2.09

Série Fotografias n°1


Cabo Frio - RJ

5.2.09

O Doutor e A Saideira

Houve uma noite no Lua Nova em que o Djovem Red encontrou um velho amigo seu que eu, imperdoavelmente, esqueci o nome. Abraços e apresentações e histórias e conversa jogada fora e muita cerveja: tudo como manda o figurino. Mas acontece que o Lua Nova fecha cedo, então, como não poderia deixar de ser, a noite teve de ser extendida em outro local.

Fomos pois, eu, o Doutor, o Djovem Red e o nosso amigo para o Paracone, ali na Av. Brasil. E tome cerveja! Depois forramos levemente o estômago. E mais cerveja e mais bate-papo. O Doutor empolgou-se com o nosso amigo, pois ele demonstrava ser um grande conhecedor de Chico. E ficamos, assim, a relembrar várias de suas canções madrugada adentro. E, como sempre acontece quando que se fala nele, o Doutor vem com aquela hipótese de que toda mulher teria obrigação moral de dar para o Chico, se ele assim o desejasse. E criou-se, pra variar, uma ligeira polêmica. Mas nada que alterasse o bom espírito de camaradagem daquela noite agradabilíisima.

Lá pelas tantas, partiu o nosso amigo, alegando que não poderia chegar muito tarde em casa, pois não tinha avisado à patroa (Detalhe é que eram mais de quatro da manhã a essa altura). Ficamos, por fim, a trinca ferranca: eu, Ed e Red.

Já devidamente etilizados, passamos então a agraciar os ouvidos dos presentes com um saboroso desfile de pérolas do nosso rico cancioneiro popular, pois a noite pedia por isso: Ronda, A Volta do Boêmio, Negue, Fica Comigo Esta Noite, Saudosa Maloca, Iracema, , As Mariposas, Conversa de Botequim, Palpite Infeliz, Último Desejo, As Rosas Não Falam, O Mundo é um Moinho, Preciso me Encontrar, Chega de Saudade, Eu Sei Que Vou Te Amar (com o Doutor declamando o Soneto da Fidelidade à maneira de Vínicius), Samba da Bênção, Canto de Ossanha, Berimbau, Carta ao Tom, Samba do Avião, e outras tantas que cantamos, não necessariamente nesta ordem.

Quando passava das cinco e meia da manhã, nos chega o garçom e avisa que não seriam mais servidas cervejas, nem quaisquer outras bebidas alcóolicas. “Como assim, não vão servir mais?”, retrucamos. “E a saideira?”, pedimos sorrindo. “Não tem saideira.” Respondeu secamente o garçom. Tomados de indignação, ainda tentamos por mais algumaz vezes argumentar que é inadmissível que não se sirva a saideira num estabelecimento que, conforme a placa informava, era 24 horas! Mas não houve recurso. A nossa última cerveja foi terminantemente recusada.

Passados uns vinte minutos, voltou outro garçom para recolher os copos. Primeiro o meu, depois o do Djovem Red. Ao tocar no copo do Doutor, este interrompeu bruscamente, segurando o braço do infeliz garçom com energia, e esbravejou: “Ninguém tira este copo daqui, enquanto não me trouxerem a saideira!”. Todos em redor se viraram para acompanhar e o pobre empregado se assustou de tal maneira que ficou por segundos sem ação e depois largou o copo sobre a mesa.

Fomos informados de que só seria novamente ofertadas bebidas depois das 9 da manhã (!!!). O Djovem Red, por fim, desistiu, dizendo que “estava colando o platinado” e foi-se para a sua casa, com o dia já quase clareando. Eu, por minha conta, não via tanta necessidade de uma saideira. Mas, para o Doutor, aquilo era ponto de honra. Fiquei mais para fazer companhia a ele e para manter a fama recém-adquirida de ser o mais resistente da turma.

Vimos então o dia despontando, os funcionários recolhendo as mesas e cadeiras para fazer a limpeza, as primeiras pessoas se encaminhando para o trabalho, os pássaros revoando, os primeiros circulares começando a rodar, enquanto continuávamos devassando o arquivo da MPB, já sem o mesmo ânimo de três horas atrás.

Às 7 horas e 20 minutos foi a minha vez de pedir licença. Com vontade resoluta, o meu amigo não arredou pé e me disse alguns impropérios quando me levantei para ir embora, mas que logo relevei a caminho de casa.

Permaneceu, desta maneira, o Doutor Edmundo aguardando pacientemente (ou não) a sua saideira, pitando o seu Carlton verde. Segundo me relatou posteriormente, foi-lhe servida uma última cerveja às 9 horas em ponto. Ao que, depois de degustá-la lenta e saborosamente, pagou a conta, agradeceu e partiu satisfeito para se recolher à sua residência naquela ensolarada manhã de Sábado

3.2.09

Flores

Uma coisa que tenho reparado ultimamente é que nos edifícios, nas casas e nos apartamentos, as plantas e flores de plástico têm subtituído cada vez mais as plantas e flores de verdade. “Uma plantinha para enfeitar, mas que não me dê trabalho”. É o que querem as pessoas hoje.

Sem tempo para cuidarem de suas casas, para conversarem com quem está ali do lado: a mãe, o irmão, o vizinho. Contudo, este mesmo tempo é gasto em bate-papos virtuais com “amigos” que estão a centenas de quilômetros de distância...

Sem tempo para preparar um bom jantar, já que é preciso “baixar” uns MP3 para o iPod e aproveitar para ver as últimas fofocas sobre a Paris Hilton naquele canal de TV a cabo com programação 24 horas sobre celebridades...

Nessa “falta de tempo” crônica não há espaço possível para cuidar de nada, nem de ninguém. Se as pessoas têm filhos, gatos ou cães, “terceirizam” a tarefa dos cuidados a mães, avós, babás. Ou deixam filhos em creches, e animais sozinhos em casa. Trabalham para pagar a escolinha do filho, ou o banho semanal dos bichos no pet shop.

Das plantas então, nem se fala! “Que trabalheira” que é molhar as plantinhas de vez em quando. Reparar se precisam de luz, de adubo, de um pouco de ar... Não sabem o signficado da palavra poda, não tiveram a satisfação de perceber uma minúscula folha brotando do caule, ou um botão que lentamente se abre. O único perfume que conhecem e exaltam é o da podridão em frascos da aristocracia arrogante e perdulária. Não há o cuidar de algo ou de alguém. Só o culto à matéria, e o pior, à imagem da matéria... Não há troca, somente idolatria. Não há calor humano, apenas euforias ilusórias e descartáveis...

É esse o tipo de pessoa que contenta-se com um mero pedaço de plástico pintado e moldado. Para simular que naquele canto da sala, naquela casa, há alguma coisa que poderia, de repente, ser chamado de Vida. E que, na falta dela, serve para “complementar a decoração” no aparadorzinho da Tok&Stok, adquirido num fim de semana promocional, em seis vezes sem juros no cartão de crédito.

2.2.09

Lua Nova

Desde a época em que comecei a beber, lá em Montes Claros, sempre me interessei pelos botecos, mais que pelos bares da moda. Com sua absoluta informalidade e presença de tipos dos mais variados, eram lugares onde me sentia (e ainda me sinto) muito mais à vontade. Quem vai a boteco não vai para paquerar. Ou esta não é a prioridade, pelo menos. Geralmente, o indivíduo sai do trampo e vai direto para lá. Suado, do jeito que estiver... O objetivo é simplesmente relaxar das chicotadas que a vida lhe dá durante o dia. Tomar umas cervejas e jogar conversa fora.

Mas apesar de achar os botecos lugares super-agradáveis, só fui me tornar um bom frequentador mesmo depois que me mudei para Belo Horizonte. E, cá entre nós, cidade mais apropriada para esse hábito não há... Desde os tempos do Clube da Esquina, a fama dos bares e botecos daqui já correu o Brasil e o Mundo. E, sendo uma cidade ligada tanto à tradição quanto à vanguarda, BH tem em sua vida boêmia essa marca, essa capacidade de convivência pacífica e enriquecedora, um vai-e-vem de gentes das mais díspares tendências e gostos, que se reúnem em volta de uma mesinha para celebrar essa diversidade, esse jeito mineiro de declarar o seu compromisso com a Liberdade, e de demarcar campos onde a Democracia pode ser realmente plena.

Sem dúvida algum de que o boteco é este espaço. Lá a voz do Advogado, vale tanto quanto a do barbeiro. A do fazendeiro tanto quanto a do estudante. E a do jovem tanto quanto a do velho. A heterogeneidade dos clientes é a sua graça, e a coexistência de pessoas que, em outro ambiente, mal trocariam um “Bom Dia” é o seu maior charme e chamariz.

O Lua Nova é um desses botecos. E foi o primeiro que eu, efetivamente, frequentei na vida. Duas, três, ou até quatro vezes por semana, lá estava eu “batendo ponto”. É um estabelecimento que tem bastante história, e já virou até livro e documentário. Atualmente fica no 2° Piso do Edifício Maletta e, dizem, já foi frequentado por Milton Nascimento e a sua turma. Mas isso foi em outra época, quando o bar ainda funcionava no piso de baixo. Há cerca de 15 anos foi adquirido pelo atual proprietário, o Juventino. Meus amigos sabem melhor da história, mas me parece que o Lua Nova, e a própria galeria do Maletta, passaram por períodos meio tenebrosos, com presença constante de baixos-traficantes, prostitutas e mal-encarados em geral. As batidas policiais eram rotina e, nas “boas famílias” era recomendado que se passasse longe daquele lugar...

Mas o tempo passa. E as coisas mudam. Hoje, o Juventino dá graças a Deus, pois ele diz ter conseguido “expulsar os vagabundos” do seu bar. Mesmo com aquele tamanho todo que ele tem, aquele mau-humor e o indefectível bigodão de mexicano, deve ter sido dureza! Ainda se vê, vez por outra, uns tipo meio estranhos circulando. Mas em 99% dos casos, eles são só isso mesmo: “uns tipo meio estranhos”. Não fazem mal a ninguém. E, de certa forma, até dão um clima underground bacana ao Lua Nova. Quem frequenta sabe que são quase sempre as mesmas figuras. E, à medida que o Ju (o Juventino) vai “pegando confiança” com você, ele começa a lhe contar as histórias dos frequentadores, entremeados por rabugices e muitos, mas muitos comentários sobre futebol.

O “Cardápio” do Lua Nova não é lá muito extenso, e nem tão saboroso. De modo que o pessoal se reúne mesmo é para beber. Dica: jamais, jamais pergunte ao Ju se tem cerveja gelada, pois é bem capaz de receber um “coice” daqueles, mesmo que a breja nem sempre esteja, efetivamente, na temperatura ideal... A decoração é inexistente (como em todo bom boteco) e o banheiro, bem, é um banheiro de boteco. Vocês sabem como é...

Mas o Bar do Ju, como é mais conhecido pela galera de hoje em dia, tem um “quê” de atraente. E quando se dá por si, é sempre o primeiro lugar que vem a mente quando se pensa em “tomar uma”. E assim, fui tomando contato (e me tornando amigo) de pessoas super-legais, jovens que são capazes de estabelecer um papo bacana, sem ser vazio, pedante ou entediante. Pessoas que compartilham suas experiências sem preconceitos e, incrivelmente, escutam o que você tem a dizer.

Acontece que, infelizmente, não estou podendo mais exercitar a minha boemia no Lua Nova (nem em lugar nenhum), já que mudei o meu horário de trabalho para a noite. E, como dizia o Marquinho lá da Gerel, "profissional" não frequenta bar em fim de semana. E então, toda Sexta, quando passo em frente do Maletta, voltando para casa na Van, às 2 da manhã, fico me lamentando: ê, saudade de tomar uma cerveja no Bar do Ju com os amigos!...

Mas penso que a vida é assim mesmo. Chegou a hora de curtir outras paradas. Estou até gostando do trampo noturno. E sei que muitas outras viradas estão reservadas para mim no futuro. Ainda tenho muito o que experimentar... Bom é guardar estes momentos felizes na memória. Outros virão. Em botecos ou não, o lance é esse: curtir o que de melhor as vivências podem lhe proporcionar e agradecer a Jah por essas preciosas oportunidades.

29.1.09

When the ship comes in (com tradução minha)

Rufus,

cá estou novamente impressionado com a genialidade desse tal Bob...

Vocês devem se lembrar de uma pequena história que a Joan Baez conta no No Direction Home. Quando eles chegaram num hotel na Europa, ela já uma cantora famosa e ele ainda um jovem desconhecido. O tal hotel recusou hospedagem a Dylan, pois ele não tinha feito reserva.

Segundo Joan, uma das coisas mais formidáveis em Bob, é a de criar canções grandiosas a partir de eventos banais, como este. Nesse dia, com uma "fúria criativa", ele compôs When the ship comes in. Fiquei de traduzi-la pra conferir, mas somente ontem o fiz. E é, incrivelmente bacana! Obviamente, que o navio que irá chegar é, nada mais, nada menos, do que ele próprio...

Procurei umas traduções na Rede, mas eram todas péssimas! Então, resolvi eu mesmo traduzir. Tomei umas liberdades, e tentei dar à letra um certo tom de Cântico Profético, que eu imagino foi o tom que ele quis dar a canção. Então lá vai...


When the ship comes in
Quando o Navio chegar


Oh the time will come up
Oh, chegará o tempo

When the winds will stop
Em que os ventos cessarão

And the breeze will cease to be breathin'.
E a brisa não mais irá soprar.

Like the stillness in the wind
Como a imobilidade dos ares

'Fore the hurricane begins,
que precede os furacões,

The hour when the ship comes in.
A hora da chegada do Navio.



Oh the seas will split
Oh, os mares se dividirão

And the ship will hit
E a Nave baterá

And the sands on the shoreline will be shaking.
E as areias da costa serão estremecidas.

Then the tide will sound
Então a onda ecoará

And the wind will pound
E o Vento chicoteará

And the morning will be breaking.
E a manhã estará chegando ao fim.



Oh the fishes will laugh
Oh, os peixes regozijar-se-ão

As they swim out of the path
Enquanto nadam abrindo caminho

And the seagulls they'll be smiling.
E as gaivtoas, elas estarão a sorrir.

And the rocks on the sand
E as pedras na areia

Will proudly stand,
Ficarão orgulhosamente de pé,

The hour that the ship comes in.
Na hora em que o Navio chegar.



And the words that are used
E as palavras que serão usadas,

For to get the ship confused
Para o Navio confundir

Will not be understood as they're spoken.
Não serão entendidas enquanto estiverem sendo proferidas.

For the chains of the sea
Pois as correntes que prendiam o Navio junto ao mar

Will have busted in the night
Terão se quebrado à noite

And will be buried at the bottom of the ocean.
E repousarão no fundo do oceano.



A song will lift
Uma canção se elevará

As the mainsail shifts
Enquanto as velas mudarem de direção

And the boat drifts on to the shoreline.
E o barco deslizar por sobre a costa.

And the sun will respect
E o Sol reverenciará

Every face on the deck,
Cada rosto no convés,

The hour that the ship comes in.
A hora em que o Navio chegar.


Then the sands will roll
Então as areias darão lugar

Out a carpet of gold
A um tapete de ouro.

For your weary toes to be a-touchin'.
Para seus dedões cansados poderem pisar.

And the ship's wise men
E os sábios do Navio

Will remind you once again
Lembrar-vos-ão mais uma vez

That the whole wide world is watchin'.
Que todo o Mundo está a vos vigiar.



Oh the foes will rise
Oh, os inimigos despertarão

With the sleep still in their eyes
Como o sono ainda em seus olhos

And they'll jerk from their beds and think they're dreamin'.
E pularão de suas camas e pensarão que estão sonhando.

But they'll pinch themselves and squeal
Mas logo irão se beliscar e gritar

And know that it's for real,
E saberão que aquilo é real,

The hour when the ship comes in.
A hora da vinda do Navio.



Then they'll raise their hands,
Então erguerão as suas mãos,

Sayin' we'll meet all your demands,
Dizendo atendemos todas as suas vontades,

But we'll shout from the bow your days are numbered!
Mas nós bradaremos da proa: seus dias estão contados!

And like Pharaoh's tribe,
E como a tribo do Faraó,

They'll be drownded in the tide,
Eles se afogarão em uma onda,

And like Goliath, they'll be conquered.
E como Golias, eles serão conquistados

28.1.09

Obama: começo promissor, mas...

O fechamento da vergonhosa prisão para presos políticos em Guantánamo é um indicativo positivo da distinção de abordagem para a Política Externa que o novo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, promete adotar em relação ao Governo de seu predecessor na Casa Branca, o famigerado George W. Bush. Mas é prudente não se entusiasmar em demasia. Ainda é cedo para vislumbrar os rumos das decisões americanas neste campo.

A situação de cada um dos 245 detentos de Guantánamo sofrerá um “reexame rápido e meticuloso”, segundo o decreto divulgado por Obama no último dia 21. Há presos de níveis mais ou menos perigosos, 14 deles com processo judicial já iniciado pela Justiça Americana. As comissões militares indicadas para julgar estes encarcerados foram extintas. E ainda não está decidido a quem caberá avaliar e encaminhar os casos. Novos “meios jurídicos” estão sendo estudados, segundo reportou o diário francês Le Monde.

Há também o caso da prisão de Bagram, no Afeganistão. Encravada em local que os EUA consideram “campo de batalha”, os 630 prisioneiros têm seus direitos fundamentais insistentemente violados. 4 deles conseguiram solicitar à um Juiz Federal a possibilidade de obterem os mesmos direitos dos presos de Guantánamo, qual seja, a de contestar sua detenção diante da justiça civil. Mas como o Novo Governo já havia previamente definido a região do Afeganistão/Paquistão como foco dos seus esforços militares, não se deve aguardar grandes demonstrações de “simpatia” por parte do Governo Obama para com estes detentos.

A comunidade internacional deve estar vigilante e continuar ou aumentar as pressões para que não se permita que o centro de detenção em Bagram transforme-se em um novo Abu-Graib.. E cobrar de Obama, Hillary e cia. a adoção de medidas semelhantes às que foram recentemente definidas para Guantánamo, aliado a subsequentes progressos em matéria de respeito à Convenção de Genebra e outros acordos internacionais de mesmo cunho humanista, tão em baixa nos recentes movimentos político-militares internacionais.

Um tratamento digno para todos os seus detentos, seja qual for a sua origem, as suas acusações, ou o local onde estejam instalados, é o mínimo que se espera da postura política de um País que se auto-intitula fundador e, em tempos idos, podia se orgulhar de ser considerado o supremo dignatário da consciência democrática universal.

24.1.09

Hijos de la Putana

Infelizmente, já virou moda. Brasileiros ao desembarcarem na Espanha são barrados e humilhados pelas autoridades locais. A vítima da vez foi o cantor, violonista e compositor carioca Guinga, de reconhecimento internacional. Segundo nota divulgada nesta semana na Revista Istoé, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Madri, ele teve os seus pertences roubados na esteira do detector de metais.

Guinga tentou fazer uma queixa, mas a Polícia espanhola não quis registrar a ocorrência. Com isso, o brasileiro se exaltou, elevando o tom de voz com os gambés. A resposta foi singela: um soco na boca dado por um brucutu fardado que lhe arrancou dois dentes. E a história ficou por isso mesmo. O Itamaraty diz ter enviado um fax, ou email, sei lá, com uma "solicitação de esclarecimentos" ao Ministério das Relações Exteriores da Espanha. Nada além disso.

Enquanto isso, brasileiros e brasileiras continuam a sua sina pelos aeroportos daquele país. Há semanas atrás um grupo de voluntárias católicas foi barrado no mesmo Aeroporto de Madri. Segundo as autoridades responsáveis, elas não haviam apresentado toda a documentação necessária para permanecer na Espanha. O detalhe é que elas estavam fazendo escala e o destino final era a Alemanha. E, segundo informações dadas pela própria Igreja germânica, as freiras realmente estavam sendo aguardadas. Mas, ainda assim, os gentis servidores da força policial madrilenha negaram a sua "entrada" e elas tiveram que aguardar horas para serem liberadas para retornar ao Brasil. Segundo o relato de uma delas, o tratamento dado aos brasileiros em geral é profundamente mal-educado. E os policiais, por vezes, chegam a zombar dos nossos conterrâneos, dizendo, às gargalhadas, que brasileiros só entram na Espanha no dia em que o seu Chefe está de bom humor.

O Governo brasileiro pouco se importou até o momento. E me parece que não está muito disposto a tomar medidas mais drásticas. O que deixa a gente mais irritado, pra não dizer revoltado, é que essa passividade toda é muito, mas muito, provavelmente, devido ao receio que o Governo Federal tem de criar problemas com os grandes conglomerados e empresas espanholas que "investem" no país, como o Banco Santander, a Telefonica e a Repsol, para o qual os nossos caríssimos políticos sempre abanam o rabo, ao vislumbrar as suas burras recheadas de euros. Segundo a Agência EFE, a Espanha é o segundo país que mais investe no Brasil, atrás apenas dos EUA (Dados de 2007).

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21.1.09

O Gol Como Mecanismo Coletivo de Sublimação (Parte III)

Sendo o esporte em geral, e o futebol em particular, um quadro especular tanto dos instintos masculinos, quanto do poder da associatividade e cooperação humana, não é de se estranhar que o futebol seja usado, na sua curta, mas marcante, tradição, como analogia (e como metáfora) para análises e digressões nas mais diversas áreas do Conhecimento. E vice-versa. A multidisciplinaridade já está presente no calccio há décadas, e o desenvolvimento do esporte, dentro e fora dos gramados, está instrinsecamente ligado a essa influência recíproca.

Mas apesar da utilização dos mais modernos recursos na preparação física, das evoluções táticas, do apoio psicológico aos atletas, do uso da tecnologia e da Estatítica em busca da minimização de erros e do melhor rendimento individual, da crescente profissionalização da estrutura administrativa dos clubes e das fabulosas quantias envolvidas no chamado “Mercado da Bola”, o futebol ainda é uma instituição pouco estudada e mais sujeita à caracterização folclórica do que a historicidade formal. Tal qual a Trindade Suprema para os cristãos, ele exerce um poder extraordinário sobre os seus “fiéis”, mas ainda não houve quem tenha sido capaz de encontrar razões bastantes para explicar este fenômeno.

Faço, aqui e agora, uma audaz tentativa de iluminar parte desse mistério. Uma ligação inusitada, uma reflexão que me veio de um aforismo impertinente do grande Dadá Maravilha, o Rei Dadá, como gosta de ser chamado, e que atuou por mais de uma dezena e clubes pelo Brasil, sempre com o “instinto matador” que o consagrou com um dos maiores goleadores da história do futebol mundial. E a Sua Majestade assim falou:

“O gol é o orgasmo do futebol.”


A princípio, mais uma graça, mais uma das frases de efeito, que proclamou, com folclórica irreverência, ao longo de sua carreira. Eu já conhecia esta pérola há vários anos. Mas, de repente, ao ouvi-la novamente há meses atrás me caiu a ficha: “Uai, faz todo o sentido!...” A união sexo e futebol nunca me pareceu tão límpida e óbvia!

O que é o Gol se não o penetrar de uma bola por um determinado retângulo entre as traves e a faixa de cal no gramado? Tomando a bola, e a sua trajetória, como extensão do movimento e, do próprio corpo do atleta, em última instância é ele, atleta, homem, quem adentra aquele espaço. Este é o seu ímpeto primordial: “entrar com bola e tudo!”. O desejo do goleador é tão obsessivo e insaciável que o seu deleite completo é o avanço triunfante e avassalador de seu próprio corpo por sobre a meta escancarada.

O gol é, portanto, a penetração metafórica de um corpo sobre outro. O enfrentamento e a vitória sobre o opositor que sucumbe à sedução do drible e à magia atordoante da troca de passes. O time adversário é o Superego encarnado: símbolo de todas as justificativas, de todos os subterfúgios, de todos os mecanismos de defesa que se erguem para a obstrução do gozo e da completa realização do indivíduo. Aquele que empurra a bola para o fundo das redes é o Ser que deu forma à satisfação fundamental: ele é o Homem Realizado.


Natural, então, é que todo aquele que, por uma razão ou por outra, não é capaz de satisfazer completamente aos chamados de sua libido, encontre naquele ser, O Goleador, a projeção de realização dos seus desejos não conclusos. E como não são poucos os frustrados, logo forma-se a multidão desejosa. Milhões se desesperam pela conclusão do ato. Tamanha é a sua necessidade que, se possível, entrariam em campo eles próprios e o fariam. Mas como esta possibilidade é remotíssima, depositam a sua esperança num pé salvador, num atleta-representante de todo aquele que se encontra em ânsia de gozo absoluto. Quem faz o gol não é o atleta, não é o time, não é o clube, é a torcida, é cada um presente nas arquibancadas e cadeiras. Cada um se sente como se aquele gol fosse seu. Cada um torna-se um ser que vence o Mundo. Que naquele instante, atinge a felicidade completa. O gol, torna-se, enfim, mecanismo coletivo de sublimação.

E quanto mais complexa e bela é a sua arquitetura, quanto mais apuro e dificuldade técnica de execução esta obra exigir, tanto maior será a satisfação de sua complitude, tanto para quem a faz, quanto para quem a assiste. Não sendo raros os casos em que, mesmo os adversários, atores coadjuvantes daquele contra-ato espetacular, lhe reverenciam por ter realizado tão magnífico feito.

E tanto maior será este goleador, esta “extensão de mim” glorificada, quanto mais gols, por fim, converter. E, na contramão, execrado à mínima falha na consecução de seu ofício. O artilheiro é a Projeção do sucesso de cada um. Não admite falhas. Ele é o baluarte da saciedade reprodutora sublimada. Um semi-deus investido em sua tribo (em seu time), para glorificar o seu nome e manter os seus co-irmãos na forma de gols (gozos) e consequentes triunfos e conquistas, que inscreverão a sua linhagem com augusta magnificência pelos séculos dos séculos.

20.1.09

By Latuff


16.1.09

O Gol como Mecanismo Coletivo de Sublimação (Parte II)

Diante do alvoroço causado pelo gol, da imediata transformação da angústia em êxtase propiciada por ele, muitas pessoas têm se perguntado por que o futebol, um esporte com próposito tão fútil (passar uma bola por um retângulo vazado) é capaz de causar tanta comoção nos mais diversos cantos do Mundo, nas mais diversas classes sociais e econômicas, e de mover paixões tão ou mais profundas quanto os áureos períodos do Romantismo, levando o indivíduo a acreditar piamente em como o poder da coletividade é capaz de criar momentos e conceitos de beleza sublimes e arrebatadores, mas também, em não raras oportunidades, de o levar a arroubos estarrecedores de violência e morte.



Há tempos atrás, li um artigo de um estudioso inglês no suplemento Mais da Folha de S. Paulo que, infelizmente, perdi. Tratava da relação da prática do futebol e dos seus fundamentos, com as práticas e fundamentos das guerras. Basicamente estabelecia uma relação entre a formação das equipes e torcidas do football com os conceitos primordiais de identidade tribal.

Essa identidade, fundada na exclusão (muitas das tradicionais equipes européias e sul-americanas foram criadas sob égides aristocráticas ou de conotações racistas e etnocêntricas), se assemelhava à formas de organização dos grupos guerreiros defensores de tribos, extendendo-se, posteriormente, e de forma análoga, à complexidade dos exércitos e batalhões de formação nacionais.

A conformidade de batalha campal, onde dois teams opostos tentavam carregar um objeto até o outro lado do “território inimigo”, a utilização de cores e uniformes para associação, tal qual faziam os primeiros guerreiros, que se pintavam para ser imediata e honrosamente identificados com a sua tribo. E ainda, com a introdução de escudos, bandeiras, hinos, cânticos e gritos de guerra pelos clubes e torcidas, tudo remetendo à constituição revolucionária das nações européias, como se dera a séculos passados, são sinais de como essa ligação entre futebol e guerra é bem-sacada.



O cerne da questão aqui é que o homem moderno, cidadão, operário ou trabalhador dos escritórios, contribuinte de impostos, e sujeito às leis e imposições da sociedade, foi privado, para o bem desta, da manifestação de sua natureza irascível e beligerante. Na dita Sociedade Moderna e Iluminada (pré-Guerra Mundial) não caberia mais a brutalidade e selvageria das batalhas entre homens, do sofrimento e do derramamento de sangue de inocentes. Desta forma, toda a energia bélica inerente à índole masculina teve de ser represada e canalizada para algum outro meio menos hostil e danoso. E não houve outro mais propício à aceitação e difusão pelo homem comum do que o Esporte.


Ao mesmo tempo, no florescimento do futebol, em fins do séxulo XIX, legiões de trabalhadores das indústrias e minas de carvão inglesas, identificaram rapidamente nesta prática esportiva uma rara possibilidade de entretenimento, pois, naquela época, isso lhes era praticamente vedado. E para se praticá-lo pouco se exigia além de uma simples bola e um bom espaço aberto. À revelia da aristocracia, com seus clubes exclusivos, o esporte se difundiu por seu baixo custo, e por não exigir dos seus praticantes uma compleição física determinada e exuberante. Não era necessário ser muito alto, nem muito forte. Tampouco, o mais veloz. Bastava apenas a habilidade para driblar os adversários e alcançar a meta (Goal). E, guardadas as devidas proporções, assim é até os dias de hoje. O futebol é atividade democrática por excelência. E esta é uma das razões para a sua enorme popularidade nos quatros cantos da Terra.

(continua...)

15.1.09

O Gol como Mecanismo Coletivo de Sublimação (Parte I)

Para o jovem macho que é das antigas, certamente, um dos programas televisivos que causam maior nostalgia é “Os Gols do Fantástico”. Nas noites de Domingo, era o momento mais aguardado pelos fãs de futebol. E, não se considerava este dia da semana encerrado, antes de assistir a este lendário programinha.

Por um bom um tempo, Os Gols do Fantástico eram transmitidos, como o próprio nome indica, durante o “Fantástico” da TV Globo. Não como hoje, picado em intervalos, mas numa tacada só. Uma sequência de dezenas e dezenas de gols, dos grandes clássicos nacionais e internacionais, às peladas locais, como Brasil de Pelotas x Inter de Santa Maria, Desportiva Ferroviária x Rio Branco, ou Galícia x Fluminense de Feira .

Depois, o programa passou a ser apresentado em separado, logo após o Fantástico. Sempre com a indefectível narração de Léo Batista e a falsa sonoplastia da galera vibrando a cada gol marcado.

Houve também um outro programa muito bom na TV Bandeirantes chamado “Gol, O Grande Momento do Futebol”. Narrado por Alexandre Santos, não passava os gols da semana, como Os Gols do Fantástico, mas exibia um enorme acervo de gols de todas as épocas, e era transmitido de forma temática. Geralmente, em homenagem a um jogador ou a um grande clássico, como se fazia, na Era Paleozóica, nos especiais do Canal 100.

De Pelé a Ronaldo, passando por Vavá, Didi, Rivellino, Garrincha, Dadá Maravilha, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Falcão, Jorge Mendonça, Roberto Dinamite, Nunes, Serginho Chulapa, Careca, Bebeto, e muitos e muitos outros artilheiros e craques foram homenageados nestes programas, com gols antológicos, guardados na memória dos amantes de futebol e relembrados com emoção a cada vez que se reassiste, ou que são recontados nos bares e botequins pelo Brasil afora.

(continua...)

14.1.09

Fast Food

Todas as pessoas de bem concordam que o Big Mac é uma merda. Mas alguém aí já provou o Big Tasty? Rapaz, eu gostei, viu! Comparado com as tranqueiras que o Mc Donald's serve, esse sanduíche é um achado! Os ingredientes são esses: pão com gergelim, hamburguer, queijo ementhal, tomate, alface, cebola e molho especial. O tamanho é praticamente o dobro do de outros sanduíches da rede, e o ementhal dá um sabor todo especial à "refeição".

De início, até pensei que fosse um hamburguer de picanha, ou com algum tempero especial, mas depois provei um pedacinho da "carne" em separado e vi que estava com aquele mesmo gosto de esponja de sempre. Daí percebi que o segredo era o queijo...

Aliás, eles podem dizer o que for, mas aquele hamburguer não é "100% de carne bovina" nem que a vaca tussa, e, nesse caso, eu também não comeria, haha! Compare a diferença de sabor entre um hamburguer do Eddie e um do McDonald's, por exemplo. É enorme! Aliás, em geral, todos os "Mac's" são difíceis de engolir. Quem já experimentou um Trimano's, lá em Montes Claros, um Little Italy do Eddie, ou um dos gigantescos e deliciosos sanduíches da Bella Paulista em São Paulo, sabe do que eu estou falando.

Mas então o que me levou a ir comer no McDonald's, se eu, definitivamente, não via graça no que eles ofereciam? Bem, basicamente, foi a pressa, aliada à falta de mais opções... Saí de casa um dia sem almoçar. E, como no horário em que eu chego no Centro para trabalhar (lá pelas quatro e meia da tarde), todos os restaurantes já fecharam, tinha que ser uma comida rápida qualquer. Então, pelo pouco tempo de que dispunha, e pela fome, resolvi pegar um sandubão "pra dar mais sustança". Entrei no McDonald's e pedi o maior que vi, o Big Tasty. E qual não foi a minha surpresa ao perceber que aquele trem era gostoso!


Eu, particularmente, não tenho nada contra a empresa. Apesar de não ser nenhum alienado, não vejo porque atacá-la, como já virou praxe pelo mundo afora. Acho que isso é coisa de colegial/universitário pseudo-revolucionário maniqueísta e mal-informado. Eu só achava mesmo os sanduíches muito ruins. Então, não frequentava. Mas como toda regra tem exceção, acabei entrando para o time dos "inocentes" que comem aquela porcaria.

13.1.09

O Doutor e o Inseto

Sexta-feira. Eu estava lavando o meu rosto na pia do banheiro, quando senti um leve roçar por entre os dedos do meu pé esquerdo. Em meio segundo conclui que aquilo só poderia ser uma barata trançando sobre o tapete. Nesse instante, dei um passo rápido para trás. Esse movimento certamente a assustou porque quando dobrei os joelhos para ver aonde a danada estava, não a encontrei. Passei a vista, então, por todo o banheiro. Dei outro passo para trás, uma olhada mais minuciosa e nada. Acendi a luz do quarto ao lado: niente... Quando, de repente, vi algo subindo pelo marco da porta. Pronto. Lá estava ela.

Logo fui buscar o inseticida no armarinho da área de serviço. Com a experiência adquirida em exterminar las cucarachas para a minha mãe e as minhas irmãs, sabia que ela provavelmente estaria no mesmo lugar quando eu voltasse. Assim foi. Posicionei então o aerosol a uns dois palmos da bicha e apertei o botão. É um método bastante eficiente. Obviamente que a espertinha tenta fugir, mas basta acompanhar a andança dela com o dedo colado no spray da lata. Em menos de 6 segundos ela desiste e cai, agitando desesperadamente as patas para cima. Daí vem o golpe final, com uma havaianada esmagadora. A gosma branca que sai de suas entranhas decreta o seu fim. Recolho a finada e jogo-a no lixo. Tá feito o "selviço"...

Mas o que eu queria, na verdade, era contar de um episódio que aconteceu com o Edmundo: estávamos um dia num boteco, que eu não me lembro qual é. Só sei que não era o Lua Nova, porque lembro de estarmos numa calçada ao ar livre.

Num determinado momento, reparei que, de uma mesa ao lado da nossa, veio caminhando sorrateiramente o inseto supra-citado. Não pude deixar de espiar o roteiro que ele fazia. E assim, ao ver que eu não estava prestando atenção na conversa, o Doutor voltou os olhos para trás e viu o que eu estava acompanhando. Imediatamente, ele torceu o corpo e catou a barata entre os seus dedos. Daí extendeu o braço na minha direção e ficou chacoalhando a barata a dois palmos da minha cara e dizendo "É com isso que você está preocupado? Isso é só um inseto, caralho! É só um inseto!" Juro que achei que o Doutor iria atirá-la em cima do meu nariz, ou então partí-la ao meio com os dentes. Mas ele apenas continuou segurando a coitada por alguns instantes, virando-a pra lá e pra cá, observando o casco marrom-escuro e as patas que se agitavam freneticamente, enquanto recitava os primeiros versos de "Bichos Escrotos". Acho que se pudéssemos ouvir a barata naquele instante, ela estaria vociferando: "Me larga, seu covarde! Vai procurar alguém do teu tamanho!". Após a "sessão titânica", o Ed, com cuidado quase solene, soltou a desesperada barata no chão novamente. Depois disso, continuou a prosear, a beber e a comer como se nada tivesse acontecido.

O que me ocorreu foi que, às vezes, o Edmundo costuma chupar os dedos depois de comer algum petisco gorduroso servido, já que ele não é muito afeito a estas "frescuras" de usar palito ou garfo em botecos. Não me lembro se ele chegou a fazer isto naquela noite. É bem provável que sim. Mas, ainda bem, a minha memória apagou esta parte da história...

Quanto à barata, a bichinha sumiu de vista da nossa mesa como um raio! Certamente, ela deve ter pensado sobre o Ed algo semelhante ao que eu pensei: "Que cara louco!"...

10.1.09

With God On Our Side (1963)
Com Deus do Nosso Lado


Letra e Música: Bob Dylan



Oh my name it is nothin' my age it means less
Oh, meu nome não importa, minha idade, menos ainda

The country I come from is called the Midwest
O país de onde eu vim se chama Meio Oeste,

I's taught and brought up there the laws to abide

Lá eu fui ensinado e criado para as leis obedecer

And that land that I live in has God on its side
E esta terra em que vivo tem
Deus do seu lado

Oh the history books tell it they tell it so well
Oh, os livros de história contam, eles contam tão bem


The cavalries charged the Indians fell

Os ataques da cavalaria e os índios que caíram

The cavalries charged the Indians died
Os ataques da cavalaria e os índios que morreram


Oh the country was young with God on its side
Oh, o país era jovem com Deus do seu lado



Oh the Spanish-American War had its day
Oh, A Guerra Espanhola-Americana teve seu dia


And the Civil War too was soon laid away
E a Guerra Civil também logo se foi


And the names of the heroes I's made to memorize
E os nomes dos heróis fui obrigado a memorizar

With guns in their hands and God on their side
Com armas em suas mãos e Deus do seu lado


Oh the First World War, boys, it came and it went
Oh, A Primeira Guerra Mundial, rapazes, veio e se foi

The reason for fighting I never got straight

A razão para lutar, eu nunca entendi

But I learned to accept it accept it with pride
Mas aprendi a aceitá-la e aceitá-la com orgulho

For you don't count the dead

Pois não se contam os mortos

When God's on your side
Quando Deus está do seu lado


The Second World War came to an end
A Segunda Guerra chegou a seu fim

We forgave the Germans and we were friends
Perdoamos os alemães e nos tornamos amigos


Though they murdered six million
Embora eles tenham matado seis milhões


In the ovens they fried
Nos fornos, eles fritaram,

The Germans now too have God on their side
Os alemães agora também têm Deus ao seu lado


I've learned to hate Russians
Fui ensinado a odiar os russos

All through my whole life
Por toda minha vida


If another war comes it's them we must fight
Se outra guerra começar, são eles que iremos enfrentar

To hate them and fear them to run and to hide
Para odiá-los e temê-los, para correr e se esconder,

And accept it all bravely with God on my side
E aceitar tudo bravamente, com Deus ao meu lado



But now we got weapons of the chemical dust
Mas agora temos armas de poeira química

If fire them we're forced to then fire them we must
Se obrigados a atirá-las, então atirá-las devemos


One push of the button and a shot the world wide
Um apertar de botão, e explode-se o mundo inteiro

And you never ask questions

E você nunca faz perguntas,

When God's on your side
Quando Deus está do seu lado


Trough many dark hour I've been thinkin' about this
Na hora da escuridão, ando pensando sobre isso:

That Jesus Christ was betrayed by a kiss
Que Jesus Cristo foi traído por um beijo


But I can't think for you, you'll have to decide
Mas não posso pensar por você, é você que precisa decidir:


Whether Judas Iscariot had God on his side

Se Judas Iscariotes tinha Deus do seu lado



So now as I'm leavin'
Então, estou indo agora,

I'm weary as Hell
(porque) estou cansado pra diabos.

The confusion I'm feelin' ain't no tongue can tell
A confusão que sinto, nenhuma língua conseguiria descrever


The words fill my head and fall to the floor
As palavras enchem minha cabeça e se derramam sobre o chão:

If God's on our side he'll stop the next war
Se Deus está do nosso lado, ele impedirá a próxima guerra







8.1.09

Insônia

De uns meses pra cá a insônia me persegue. Chego em casa do trampo lá pelas 2 da madrugada. E fico horas para conseguir dormir. No início, também tinha dores de cabeça terríveis! Tentei uma Neosa. Não deu certo. Duas Neosas! Também não. Dorflex: nada feito.

Tive de ir à médica. Ela me mandou fazer uns exames: eletroencefalograma e tomografia. Nada de anormal. Então, passou um remédio. Amitriptilina. É um anti-depressivo, mas a Doutora disse que iria parar com a dor e me ajudar a dormir melhor. O comprimido é minúsculo, mas nas primeiras noites fui orientado a tomar somente meio antes de sair do trampo. As dores de cabeça sumiram. Mas a insônia ficou. Então passei a tomar um comprimido inteiro por vez, conforme orientação da médica no retorno. Ajudou por alguns dias, mas depois ela voltou. A insônia, digo.

Busquei também soluções alternativas: alguns me recomendaram chá de camomila, de erva-cidreira. Outros uma caneca de leite quente, um banho morno, técnicas de respiração profunda. Por enquanto, nada adiantou. A médica deixou comigo uma amostra grátis da Amitriptilina e mais uma outra receita, sem data, para eu poder adquirir mais 40 comprimidos. O remédio é de venda controlada e o atendente da farmácia, quando vê a receita, me olha esquisito, confere novamente pro papel, depois pega os meus dados (identidade e endereço), bate um carimbo, anota um número qualquer de controle e retém a receita.

Ao botar o comprimido na boca, dá pra sentir que ele é potente. Tem um gosto forte... Em casa, tomo um gole d'água e vou para o meu quarto. Apago a luz, me deito, fecho os olhos e espero... E espero, e espero, e espero, e espero, e espero, e espero... Depois de já ter revirado na cama umas trinta vezes, abro os olhos e fico olhando para o contornos do plafon no centro do teto com a fraquíssima luz que vem de fora da janela, por entre as frestas da persiana...

Tem dias que eu durmo rápido. Mas bem antes de o Sol despontar já acordo e não consigo mais dormir. Daí me levanto e vou ler uma revista, navegar na Internet, ou até mesmo lavar a louça que deixei do dia anterior. Ainda bem que os primeiros cantos de passarinhos ao amanhecer já não me deprimem mais como antigamente.

E se acontece de eu acordar mais cedo, quando chega a tarde e a noite, já no trabalho, vem a maior soneira. Mas ao chegar em casa e me deitar na cama, o sono simplesmente some!

Acho que não é uma boa coisa usar remédios de forma continuada. Mas, de repente, vou ter de voltar à médica. E ela certamente vai me passar mais alguma receita. Com o mesmo remédio ou com outro. Não tenho saco para viver dopado. Nem talento para ser hipocondríaco. E não estou achando essa história de insônia nada legal.

7.1.09

Nosso Bom Amigo

Voltando ao assunto das resoluções para 2009, uma das conversas que tive com a gatinha esses dias foi sobre isso. E, além daqueles projetos pessoais, em relação a trabalho, compras, viagens, ela me disse que também tinha uma preocupação com algumas questões, assim, digamos, sociais (e ambientais).

Disse que, às vezes se sente até culpada por ainda não estar explicitamente envolvida com esse tipo de ação. A sua principal atenção, desde que a conheço, é com os animais. Ela tem dois gatos adotados em casa. E sempre se comove quando tem notícias de maus-tratos a algum bichinho.

Lá perto de minha casa mesmo, há um cachorro que fica preso num terreno baldio. Já está lá há meses, sem nenhum abrigo. E, na época de chuva, o bicho sofre de dar pena. Sempre levo um pouco de comida pro Bon Ami, como o chamamos, e já ligamos duas vezes pros órgãos de proteção. Mas ainda não adiantou.

Já pensamos em libertá-lo na marra, abrindo um buraco na tela de arame, mas depois pensamos o que seria dele se ficasse solto pelas ruas. É meio complicado, porque lá, pelo menos, tem alguma comida garantida, apesar de não ter um abrigo decente. O seu único "teto" é uma pequena mesa de madeira improvisada para proteger a ração, que o dono do terreno deixa por lá de vez em quando. Não sabemos quem é o cara. Já deixamos alguns recados escritos pra ele. Mas não sei se realmente se importou com o que leu. Parece que não. Então, o Bon Ami é obrigado a dormir em cima da própria comida...

Vamos tentar novamente a Sociedade Protetora dos Animais, porque, das outras vezes que ligamos, não conseguimos falar com ninguém. Se alguém se interessar por adotá-lo, a gente pode ver também como se pode dar um jeito... Seria bom começar 2009 com o Bon Ami tendo um lugar melhor para ficar, e os donos de animais tendo mais consciência da fragilidade e da importância do cuidado que esses nossos amigos merecem.