Rufus,
às vezes tenho vontades meio malucas, tipo a de morar num quarto-e-sala, assim como você. O que mais me remete, ainda que existam muitos outros exemplos, é ao Pergunte ao Pó de John Fante. Mas ainda fico sem saber se isso seria uma tendência que eu tenho de me deixar levar pelo encanto do underground, desconsiderando os contras dessa situação extrema, ou se eu realmente me tornei maduro* o suficiente para ver que as posses não são capazes de trazer um sentimento de realização genuína.
É uma dúvida porque eu tenho o meu apartamento, e não me sinto exatamente realizado. Ele apenas me traz uma certa paz, enquanto posse. No sentido de que é uma garantia, saca? Uma coisa a menos pra eu me preocupar... Não é exatamente orgulho que tenho ao pensar no ap. Até porque eu contribuí com uma parcela menor para a sua aquisição. É como se fosse para mim uma dádiva, não uma conquista. E, sendo assim, não há uma realização pessoal** por sua posse, apenas um sentimento de gratidão.
P.S.:
* Maduro: concordo com o Daniel Galera, aplicar a palavra maduro a djovem é extremamente desconfortável, embora no momento não tenha encontrado outra para substituí-la.
**Realização Pessoal: a minha realização com o ap acontece na medida em que eu sou capaz de conservá-lo, e essa capacidade é a exata materialização da gratidão de que falei um pouco acima.
Black Mendel
Jah love protect us.
29.11.08
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