Primeiro li Palmeiras Selvagens. Agora estou lendo O Som e A Fúria. Mas ainda estou por descobrir os caminhos de Faulkner. Aparentemente, a leitura não é complicada. Ele não usa um vocabulário muito empolado. Só que a simplicidade pára por aí. A estrutura do texto te entorta inteirinho! Os meandros de Faulkner são meio inextrincáveis. Os acontecimentos se misturam sem uma ordem muito clara. É uma literatura líquida, sabe...
As histórias parecem corriqueiras. Mas só parecem. Você sabe que ele não põe uma vírgula gratuitamente. E a gente fica numa tentativa de desvendar o que há por trás de cada diálogo, de cada fato ou fatalidade... Sabe quando nos perguntamos assim: “Por que Deus permite que esse tipo de coisa aconteça?”. Com Faulkner seria: “Por que ele permite que eu saiba esses pormenores e esconde outros?” No fim, fica a mesma sensação com ambos: o que esse cara está tentando me dizer???
Acredito que quando eu chegar lá, pode ser uma grande revelação. Acho que o grande barato de Faulkner era botar essa pulga atrás da orelha de cada leitor. Deixar ele inquieto. Desconfiado. Como se quisesse mostrar que as aparências sempre, sempre, sempre enganam. E que há algo misteriosamente maior por trás de cada banal acontecimento.
28.8.09
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2 comentários:
E aí Mendel, estou a escutar Let"s DAnbce de David Bowie e deparei com seu post, numa época muito distante me propus a ler Santuário, não conseguia ultrapassar a vigésima página, surgia um bloqueio sabe? Talvez porque procurasse fugir com a leitura, nem sei.
Muito instigante...
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