3.11.06

Mr. Roncs e a pobre rima

Mr. Roncs, naquelas cópulas mornas de fim de noite, tinha uma vontade enorme de aplicar-lhe singelos tapas. Não o fazia por receio de assustar a nobre garota. Ficava sempre de indagá-la previamente, mas faltava-lhe o desprendimento para tal iniciativa. Ao menos, Mr. Roncs já sabia que os seus sentidos eram suficientemente evoluídos para a banalizada prática, visto que tinha o saudável hábito de assim divertir-se com as pagas.

Contudo, não o fazia com a nobre garota. Com ela era diferente. Mr. Roncs supunha que essa precaução pudesse nominar-se Amor, mas ainda estava um pouco confuso quanto a isso. Certamente não lhe ocorreu que unir Amor e Dor era o óbvio do óbvio nas canções populares que ele tanto apreciava.

1.11.06

Mr. Roncs e os azulejos

Certa vez Mr. Roncs lera que Marcelo, quando menino, deleitava-se em lamber azulejos. Ficou encucado com aquilo. Detinha-se no meio de uma conversa para pensar na textura, na forma, nas dimensões, na temperatura de um azulejo ao toque da língua. Imaginava o rastro de saliva deixada por Marcelo formando ideogramas, ele pegando uma escada para experimentar cada quadradinho daqueles. E deu risadas ao pensar na possibilidade do garoto ter sujado os degraus do equipamento se masturbando... Mas depois lembrou-se que de outra vez havia também lido ser Marcelo contra a ejaculação. Dizia que era um negócio totalmente anti-erótico. Mr. Roncs não soube inferir se essas já eram concepções do Ele Lírico à época dos azulejos lambidos.

Antes de digredir para outras searas, no entanto, Mr. Roncs julgou, considerando a sua peculiar condição, que não teria o desprendimento, tampouco a evolução dos sentidos para dedicar-se a este recreio que Marcelo tão saudosamente registrou em suas preciosas anotações.